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Abalo sísmico provocou onda gigante no AM, diz estudo

FSP, Cotidiano, p. C9
18 de Mar de 2007

Abalo sísmico provocou onda gigante no AM, diz estudo
Há risco de novos incidentes devido a falha geológica no Amazonas, segundo pesquisadores, que aconselham governo a remover famílias ribeirinhas

Kátia Brasil
Da agência Folha, em Manaus

Um abalo sísmico, sem intensidade definida, foi o que provocou a onda gigante que, no início do mês, atingiu a margem direita do rio Amazonas, próximo a Parintins (AM), segundo estudos de dois especialistas em fenômenos geológicos e geográficos da Ufam (Universidade Federal do Amazonas).
O abalo provocou a onda gigante, estimada em 10 m de altura, e fez desmoronar uma área de 297.600 m2 de barranco, abrindo uma cratera equivalente a 30 hectares na comunidade Costa da Águia.
O Corpo de Bombeiros de Parintins havia estimado em 2.800 m2 a área desmoronada, o que foi descartado agora pelo estudo do geólogo Hailton Siqueira da Igreja e do geógrafo José Alberto de Carvalho, já que o estrago foi maior.
Eles passaram três dias analisando o fenômeno na localidade. Os moradores da comunidade Costa da Águia relataram a eles que sentiram um estrondo seguido de tremor -sinais do abalo sísmico.
O abalo sísmico aconteceu em 2 de março, por volta das 11h (12h em Brasília), ocasionando a onda, que surgiu no rio Amazonas a 300 metros da comunidade e foi seguida de deslizamentos e desmoronamentos abruptos. A área atingida pela onda virou uma enseada do rio Amazonas.
O fenômeno destruiu duas casas de madeira (palafitas) de Costa da Águia (45 km de Parintins) e plantações de subsistência e econômica, como malva e juta, num raio de 480 m.
A onda arremessou ainda jacarés, peixes e duas pequenas embarcações para fora do rio. Um homem desapareceu.
Segundo a Defesa Civil de Parintins (369 km de Manaus), as 33 famílias que haviam sido afastadas inicialmente da área atingida já regressaram. A dupla sugere que as famílias sejam retiradas da área atingida, pois há risco de novos abalos. "É uma região frágil, suscetível à erosão acelerada", diz Igreja.
Outra comunidade, a Saracura, que fica a 5 km da Costa da Águia, também está condenada, segundo o geógrafo José Alberto de Carvalho. "A área da Enseada da Saracura é a de maior risco, sujeita ao novo fenômeno [abalo sísmico]."
Igreja diz que nessa região do rio existe uma falha geológica que propicia os abalos sísmicos. Ocorrências foram registradas em 1973, 1994 e 1997, mas não com ondas gigantes. "É uma zona de falhas geológicas, com repetidos movimentos tectônicos e, portanto, pequenos abalos sísmicos."
Carvalho, que é especialista no fenômeno de "terras caídas" (deslizamento de barrancos no rio Amazonas) e suas conseqüências sociais, disse que as famílias atingidas continuam sob o impacto do medo.
"Encontramos muitas pessoas assustadas porque não conseguem entender o fenômeno", disse Carvalho.

FSP, 18/03/2007, Cotidiano, p. C9

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