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75% dos peixes estão sob ameaça

OESP, Vida, p. A15
16 de Dez de 2008

75% dos peixes estão sob ameaça
WWF culpa pesca predatória e desaconselha compra de camarão procedente de parte da América do Sul

Alexandre Gonçalves

Mais de 75% da população de peixes no mundo está ameaçada devido à pesca predatória, segundo um estudo apresentado ontem em Hamburgo pela WWF.

Uma das espécies mais ameaçadas é a Sebastes marinus. Para a organização internacional, a captura da espécie tem também um efeito colateral muito nocivo: a destruição de corais milenares de água fria.

A WWF recomenda a proibição absoluta de toda pesca em águas profundas e aconselha os consumidores a comprar apenas peixe com o selo ecológico do Conselho de Administração Marinha (MSC, em inglês), uma organização não-governamental que conta com apoio financeiro da WWF.

As recomendações estão voltadas principalmente para o mercado alemão. No período do Natal, o consumo de peixe costuma aumentar significativamente. Cerca de 85% dos peixes e frutos do mar consumidos no país são importados de outras regiões do mundo.

A WWF também desaconselhou os consumidores europeus a comprar camarões procedentes do litoral tropical da América do Sul. Segundo o relatório, para construir os criadouros, muitos mangues seriam destruídos. Além disso, para cada camarão produzido, cem peixes morreriam nas redes.

EXCEÇÃO

O presidente da Comissão Nacional de Carcinicultura, Cláudio Rabelo, afirma que o setor vive constantemente sob o "terror ambiental". Ele considera que os criadores de camarão cumprem com mais rigor a legislação ambiental do que outros produtores. "Os carcinicultores legalizados não utilizam as áreas de mangue para produzir", afirma Rabelo. "O problema são as comunidades extrativistas carentes que depredam o meio ambiente e não são fiscalizadas com tanto rigor."

"Nós lutamos pela qualidade da água, pois dependemos dela para produzir", aponta o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), Itamar Rocha. Ele cita um estudo publicado em 2005 pelo Instituto de Ciências do Mar da Universidade Federal do Ceará (UFC) que identifica um crescimento de 36% na área de manguezais no Nordeste entre os anos de 1978 e 2004. A pesquisa contou com apoio financeiro da ABCC.

"Para cada hectare utilizado para produzir camarão, surgiu 1,3 hectare de mangue", considera Rocha. Para ele, a preservação dos mangues nas zonas adjacentes à carcinicultura foi o principal responsável pelo aumento na área do ecossistema.

A professora do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo, Yara Schaeffer Novelli, afirma que os dados apresentados pela ABCC não são confiáveis. "Em todos os países do mundo, a carcinicultura diminuiu drasticamente a área de mangue", aponta Yara. "Por que só o Nordeste (brasileiro) seria uma exceção?"COM EFE

OESP, 16/12/2008, Vida, p. A15

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