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Zonas de proteção compartilhadas

O Globo, Ciência e Vida, p. 48
25 de Mar de 2006

Zonas de proteção compartilhadas
Unidades comuns a países fronteiriços são forma eficaz de conservação

"Elefantes não usam passaporte." A frase, do presidente da Conservação Internacional, Russel Mittermaier, resume a idéia central do livro "Conservação transfronteiriça - uma nova visão de áreas protegidas", de sua autoria, lançado ontem durante a COP8, em Curitiba. O livro traça um panorama dos 28 principais ecossistemas em unidades de conservação que avançam sobre as fronteiras de países. O Brasil tem cinco ecossistemas que se alastram além do seu território.

Há a fronteira com a Guiana, onde está a maior reserva de floresta tropical intacta do mundo; o complexo Iguaçu-Iguazu, com Argentina; o conjunto chamado de Vilcabamba-Amboró, que se inicia nos Andes, na Bolívia e no Peru, e acaba na Bacia Amazônica; o complexo Pantepui, que se estende por Venezuela e Guiana; e o Pantanal, dividido com Bolívia e Paraguai. Mittermaier diz que os países que fazem fronteira com o Brasil são sempre candidatos a ganharem áreas protegidas transfronteiriças:

- Pelo tamanho e biodiversidade, o Brasil pode ter áreas com essas características. Mas algumas, como a fronteira com a Guiana, são especiais. São 30 milhões de hectares de floresta tropical intactos, uma área equivalente à de São Paulo. É impressionante.

Ele explica que, em alguns locais do mundo, como o sul da África, as áreas protegidas transfronteiriças são oficiais. Em outra região africana, num complexo de áreas protegidas chamado de Kavango-Zambezi, formado por Angola, Botsuana, Zâmbia, Namíbia e Zimbábue, concentra-se a maior população de elefantes do mundo.

- Esses bichos não têm passaporte. Eles querem passagem livre entre essas fronteiras. Boa parte delas já foi aberta, mas é preciso mais. Além de incrementar muito a conservação ambiental, as áreas protegidas transfronteiriças servem como um importante instrumento de redução de tensão entre os países vizinhos - contou. (T.B.)

O Globo, 25/03/2006, Ciência e Vida, p. 48

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