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Zona de preservação cobre todo o litoral de SP

OESP, Vida, p. A18
10 de Out de 2008

Zona de preservação cobre todo o litoral de SP
Governo cria três novas Áreas de Proteção Ambiental; para biólogo, seria melhor impor restrição integral em alguns pontos para recuperar pesca

Giovana Girardi

Com quatro meses de atraso, o governo de São Paulo decretou ontem a criação de três áreas marítimas de proteção ambiental (APA). A medida, publicada no Diário Oficial, coloca praticamente todo o litoral sob algum grau de preservação. A previsão inicial era publicar o texto em junho.

De acordo com o secretário do Meio Ambiente do Estado, Xico Graziano, o principal objetivo das APAs é coibir a pesca predatória na região, em especial de grandes barcos de Santa Catarina e do Rio de Janeiro. "Eles vêm com redes de arrasto enormes de mil metros pegando tudo o que encontram pela frente. Mas aproveitam só cerca de 15%, o resto é jogado fora, o que prejudica todo o sistema."

Ao mesmo tempo em que cria as unidades de conservação, o governo entrega hoje para a polícia ambiental seis lanchas para o patrulhamento da costa. "Antes, esse trabalho era do Ibama. Com a criação das APAs, puxamos essa atribuição para o Estado, ao mesmo tempo em que passamos a ter o instrumento para fazer isso. A prioridade é acabar com essa farra (da pesca predatória)", diz.

A medida foi bem recebida por ambientalistas, mas com alguns poréns. O biólogo Fabio Motta, coordenador do programa Costa Atlântica da Fundação SOS Mata Atlântica, lembra que as APAs são o tipo de unidade de conservação menos restritivo, permitindo várias atividades. "Para recuperar os estoques pesqueiros é necessário criar algumas áreas de proteção integral que proíbem a pesca. Hoje a única área assim é o Parque da Laje de Santos, mas mesmo lá são flagrados pescadores usando arpões."

Segundo Graziano, a definição de áreas livres de pesca deve ficar a cargo dos conselhos de gestão de cada APA. A idéia é que se defina junto com as comunidades de pescadores o que é pesca sustentável e os locais que devem ser preservados. Outro ponto delicado que ficou fora de proteção são as atividades da Marinha na Ilha de Alcatrazes, onde vivem algumas espécies ameaçadas de extinção, como a jararaca que leva o mesmo nome, considerada criticamente em perigo. Otavio Marques, pesquisador do Instituto Butantã, afirma que os animais ficam vulneráveis aos constantes bombardeios. "Essa ilha e a de Queimada Grande, que também tem espécies ameaçadas, deveriam virar parques."

OESP, 10/10/2008, Vida, p. A18

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