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Yanomami realizam assembléia e cobram a retirada de invasores da Terra Indígena

CCPY-Boletim Yanomami-no. 46-Boa Vista-RR
04 de Fev de 2004

O avanço de invasores - garimpeiros, pescadores e madeireiros - sobre a Terra Indígena Yanomami (TIY) continua sendo a maior preocupação dos índios. Líderes de 15 regiões da TIY reuniram-se em assembléia, dia 11 de janeiro, no Baixo Mucajaí para discutir e avaliar os principais problemas afetando a terra indígena. Ao final do encontro, foi elaborada uma carta destinada as administrações governamentais que atuam na área bem como ao Ministério Público, na qual os Yanomami reivindicam a retirada dos invasores de suas terras e a manutenção dos representantes das organizações não-governamentais brasileiras que os apoiam nos setores da educação e saúde.Os Yanomami pedem ainda que sejam realizados exames nos peixes e nos rios para a identificação de possíveis poluentes que estariam afetando a sua saúde. Participaram da assembléia representantes da Comissão Pró-Yanomami (CCPY), da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA de Roraima e de Brasília), da URIHI-Saúde Yanomami, da Diocese de Roraima e da Missão Evangélica da Amazônia (MEVA).
Abaixo a íntegra do documento, assinado por representantes das regiões de Demini, Paapiú, Maloca Paapiú, Missão Catrimani, Toototobi, Alto Catrimani, Xitei, Ericó, Uraricoera, Saúba, Alto Mucajaí, Baixo Mucajaí, Haxiú e Hakoma (Surucucus).

Íntegra da Carta

"Baixo Mucajaí, 11 de janeiro de 2004".

Nós aqui nos reunimos em 2004 e fizemos a Assembléia Yanomami. Nós não nos reunimos à toa. Os napëpë (os não-índios) estão destruindo a nossa floresta e por isso nós fizemos este documento. Nossa população vem aumentando. Nós Yanomami não queremos que a nossa população diminua outra vez. Por isso, a vocês autoridades da Procuradoria Geral da República mandamos este documento.

Nós lideranças yanomami de várias regiões (Surucucu, Demini, Papiu, Maloca Papiu, Missão Catrimani, Toototopi, Alto Catrimani, Xitei, Ericó, Uraricoera, Saúba, Alto Mucajaí, Haxiú, Baixo Mucajaí e Hakoma) participamos da Assembléia e assim decidimos: os garimpeiros, os madeireiros, os colonos e fazendeiros do Repartimento (Ajarani), os pescadores, nenhuma dessas pessoas queremos em nossa terra, porque essas pessoas trazem epidemias e destroem. E o que elas destroem? Destroem os rios e a floresta, fazendo desaparecer os peixes e a caça. O fogo já queimou nossa floresta duas vezes. Não queremos outro incêndio de novo.

Por isso, nós lideranças pedimos a vocês autoridades que nos ajudem, para que essa destruição acabe. Pedimos também que se façam exames nos peixes e nos nossos rios para ver se estão doentes, porque nós achamos que eles estão.

Hoje nós estamos com saúde. Por isso não queremos que as organizações que trabalham com saúde saiam da terra yanomami. Queremos que a Urihi, a Diocese/RR e a Meva continuem trabalhando junto com a Funasa, cuidando da nossa saúde.

Pedimos que vocês autoridades napëpë nos ouçam."

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