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Yanomami: Justiça Federal manda governo manter forças de segurança de forma 'permanente' em aldeia atacada por garimpeiros

O Globo - https://oglobo.globo.com/brasil/
13 de Mai de 2021

Yanomami: Justiça Federal manda governo manter forças de segurança de forma 'permanente' em aldeia atacada por garimpeiros
Governo tem prazo de 24 horas para informar e comprovar o envio de tropa para a comunidade indígena, sob pena de multa

Daniel Biasetto
13/05/2021

A Justiça Federal acatou parcialmente pedido do Ministério Público Federal (MPF) e determinou que o governo federal mantenha efetivo armado de forma "permanente" na comunidade Palimiú, na Terra Indígena Yanomami, para evitar novos conflitos e garantir a segurança dos nativos após ataque de garimpeiros. A comunidade de Palimiú fica a Noroeste de Roraima, cerca de 260 quilômetros da capital Boa Vista. O GLOBO apurou que um novo ataque foi realizado no final da tarde de ontem, quando o Exército já havia deixado o local, o quarto dia consecutivo de tiroteio.

A União terá um prazo de 24 horas para informar e comprovar o envio de tropa para a comunidade indígena, sob pena de multa. A decisão e os autos do processo estão sob sigilo.

Também foi determinada à Fundação Nacional do Índio (Funai) que auxilie as forças de segurança no contato com os indígenas e "no gerenciamento das relações interculturais".

O pedido do MPF em Roraima foi feito na Ação Civil Pública (ACP) ajuizada no ano passado, na qual pede a total desintrusão de garimpeiros na terra indígena.

Em nota enviada à 1ª Brigada de Infantaria da Selva do Exército nesta quinta-feira, a Hutukara Associação Yanomami reiterou pedido de apoio logístico e de instalação de posto emergencial na comunidade.

Relatos de indígenas afirmam que ontem, por volta das 22h45, chegaram 40 barcos de garimpeiros no local dos recentes tiroteios. De acordo com os indígenas, os garimpeiros estão se organizando para iniciar novos ataques. Ele dizem que os invasores continuam fortemente armados e circulando livremente pelo rio Uraricoera.

Na terça-feira, agentes da Polícia Federal trocaram tiros com garimpeiros durante uma diligência para apurar o confronto ocorrido um dia anes entre invasores e indígenas, na comunidade de Palimiú, em Roraima. Segundo lideranças locais, o ataque teria terminado com três garimpeiros mortos e outros cinco feridos a tiros e flechas, além de um indígena ferido de raspão. Ontem, agentes da PF e militares do Exército estiveram na aldeia novamente.

Policiais federais chegaram na tarde de hoje para dar início à investigação sobre o confronto. Segundo a PF, não foram encontrados corpos de garimpeiros mortos no local, embora os indigenas mantenham a versão de que três invasores teriam sido mortos e seus corpos levados pelos outros garimpeiros.

Vídeo: Troca de tiros entre agentes da PF e garimpeiros

Histórico de violência
A Hutukara Associação Yanomami já havia enviado um ofício no último dia 30 de abril para os órgãos federais sobre a ocorrência de tiroteios entre indígenas e garimpeiros no Palimiú, na subida do rio em direção à base de Korekorema, no rio Uraricoera. Cinco garimpeiros foram expulsos pelos índios após o tiroteio. Mas, conforme o GLOBO apurou, a entidade não obteve retorno.

No final de março, O GLOBO mostrou que o garimpo ignorou a pandemia e avançou 30% na Terra Indígena Yanomami em 2020, com 500 hectares devastados de janeiro a dezembro. No total, o garimpo ilegal já destruiu o equivalente a 2,4 mil campos de futebol em todo o território. Pouco ou quase nada se fez para conter os invasores, que já beiram os 20 mil na região. Os dados constam do relatório "Cicatrizes na Floresta: a evolução do garimpo ilegal na TI Yanomami".

Vista aérea do tatuzão do Mutum, em dezembro de
2020, considerado o maior garimpo da Terra Indígena Yanomami Foto: ISA/HAY
Vista aérea do tatuzão do Mutum, em dezembro de 2020, considerado o maior garimpo da Terra Indígena Yanomami Foto: ISA/HAY
A TI Yanomami é um das sete terras indígenas com a presença de povos isolados à espera de um plano do governo para a retirada de invasores. O Supremo Tribunal Federal (STF) já deu prazo para que o Ministério da Justiça e a Polícia Federal apresentem um plano de desintrusão, o que, segundo o ministro Luis Roberto Barroso, já foi apresentado. Completam a lista as terras Karipuna, Uru-EuWau-Wau, Kayapó, Araribóia, Munduruku e Trincheira Bacajá.

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