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Xicrin invadem Sossego para cobrar a Vale

O Liberal-Belém-PA
13 de Jun de 2003

Cerca de 120 índios da tribo xicrin armados com flechas e bordunas ocuparam ontem as instalações do Projeto Sossego, da Companhia Vale do Rio Doce, em Canaã dos Carajás, no sul do Pará, exigindo a construção de uma estrada até a aldeia, escola e casas. O cacique Karangré Xicrin informou que a empresa vinha há dez anos prometendo levar esses benefícios às aldeias Cateté e Djudjecô, mas não cumpriu sua palavra.

"Nós fomos cobrar, porque os índios não estavam mais suportando viver de promessas. A situação está muito ruim para nós", disse o cacique. Dois diretores das áreas de ferro e cobre da Vale, Marcelo Bastos e Joaquim Marinho, além do administrador substituto da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Marabá, Carlos Loureiro, estiveram reunidos com os índios por mais de quatro horas, anunciando no final que as reivindicações da tribo estavam sendo estudadas.

Estrada - Os índios chegaram à área da Vale dispostos a exigir explicações sobre a ausência de providências da empresa para o que havia sido solicitado. Os diretores da Vale, mostravam papéis aos índios, que perguntavam pelo investimentos e prazos para conclusões das obras. A todo momento, eles diziam estar cansados de ficar esperando por um benefício que nunca chegava.

A estrada de 45 km que eles desejam ver concluída, mal foi iniciada, segundo os índios. A construção da escola também é tida como importante no processo de educação das crianças e jovens da tribo. Quanto às casas, os índios foram para a reunião com a Vale sem detalhar o número de construções. Isso deve ser feito durante nova reunião com os diretores da empresa, hoje pela manhã, em Canaã dos Carajas.

Pacífica - Na aldeia Cateté vivem 470 índios, enquanto na Djudjecô moram outros 380 xicrins. Cerca de 30 km separam uma aldeia da outra. Numa nota lacônica distribuída ontem à imprensa, a direção da Vale informou apenas que a reunião dos índios com a diretoria da empresa foi conduzida de "forma pacífica". Quanto às reinvindicações, limitava-se em dizer que elas foram encaminhadas à Funai, órgão responsável pela condução das questões relacionadas às comunidades indígenas.

O Projeto Sossego terá investimentos de quase R$ 1 bilhão, para produzir diariamente 400 toneladas de cobre em concentrado, a partir de 2004. Toda essa produção será exportada. O cobre é empregado na fabricação de condutores de energia, na arquitetura, na construção civil, nas indústrias naval e química e nos vários ramos da engenharia.

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