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Xavantes: Justiça marca audiência sobre índios

Diário de Cuiabá-Cuiabá-MT
Autor: Karoline Garcia
04 de Ago de 2004

Uma audiência na justiça federal marcada para amanhã poderá definir a situação dos índios xavantes, que há nove meses aguardam uma decisão sobre o processo que os impede de voltar à reserva Marãiwatsede (fazenda Suiá Missu), próximo a Alto da Boa Vista.

De acordo com procurador Mário Lúcio de Avelar, além do Ministério Público Federal também vão participar da audiência representantes da Advocacia Geral da União e da Fundação Nacional do Índio (Funai). Eles irão apresentar ao juiz substituto da 5a vara um pedido incidental, ou seja, vão acrescentar ao processo em curso a solicitação para que seja permitida a entrada dos índios em pelo menos parte da área, que tem um total de 168 mil hectares. Titular da 5ª vara e responsável pelo processo, o juiz José Pires da Cunha está de férias.

A audiência foi solicitada em decorrência das péssimas condições em que os xavantes se encontram, o que já resultou na morte de três crianças. Elas apresentavam quadros de desnutrição e pneumonia. Outras 11 estão internadas no hospital do município de Água Boa, região leste do estado. Todas com o mesmo quadro clínico. Duas delas foram internadas na semana passada e o estado de saúde é grave, segundo o administrador da Funai de Goiânia, Edson Beiriz. "Queremos tentar sensibilizar o juiz, pois a situação já está insustentável", reforçou Beiriz, que virá como representante da Funai.

Ele disse ainda que a Fundação Nacional de Saúde se comprometeu a enviar ainda hoje um médico para avaliar e acompanhar as crianças e os adultos que estão na BR sem nenhuma infra-estrutura (veja box).

De 460 índios, cerca de 80 são crianças e aquelas que foram internadas têm idades entre 1 e 2 anos. Beiriz disse que os índios estão vivendo em acampamentos, sob barracas de lonas plásticas, aspirando a poeira da estrada, o que estaria comprometendo a saúde.

"A cultura deles está totalmente comprometida. Não estão se alimentando como de costume, da caça e da pesca. Estão vivendo de doação de cestas básicas". Ele disse ainda que as crianças estão expostas a toda sorte de perigo na estrada, recebendo desde fumaça de caminhão até hábitos que fogem àquilo a que estão acostumadas. Cinco funcionários da Funasa estão na rodovia dando assistência aos índios mas não está sendo suficiente. Beiriz disse que os xavantes aguardam a volta das crianças hospitalizadas - com ou sem vida - para decidirem o que fazer.

Funasa vai garantir água potável aos xavantes

A assessoria de imprensa da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) informou ontem à tarde que o órgão irá assegurar o fornecimento de água potável para os índios xavantes acampados na BR-158, na região de Alto Boa Vista.

A Funasa instalará um reservatório de água e construirá a rede de captação que será alimentada através do funcionamento diário de uma bomba d'água.

A Coordenação Regional da Funasa - que já atua no acampamento através do trabalho de três auxiliares de enfermagem e agora enviou para o local um enfermeiro e um médico - vai tentar superar a atual situação de ameaça à saúde dos índios.

O quadro foi seriamente agravado pelas péssimas condições da água utilizada e pela grande quantidade de poeira a que as crianças estão expostas.

Os pacientes indígenas que foram removidos para hospitais do municípios de Água Boa e Barra do Garças (MT) também estão sendo acompanhados pelos funcionários do Distrito Sanitário Especial Indígena Xavante, responsável pela ação de Saúde da Funasa junto aos Xavantes. A fundação é responsável pelo atendimento à saúde indígena desde 1999.

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