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Xavantes armados fazem ato de protesto

O Popular - Goiânia - GO
16 de Mar de 2001

Grupo não concorda com indicação de um branco para comandar a unidade. Funasa vai designar chefe temporário até solucionar impasse Silvana Monteiro

Menos de dois meses depois de ter assumido a chefia da Casa de Saúde do Índio, Marco Aurélio de Oliveira foi desligado de seu cargo. O afastamento do funcionário, que é branco e trabalha na Funasa – mantenedora da Casa de Saúde do Índio – há 17 anos, ocorreu depois de uma manifestação promovida por caciques de diferentes tribos xavantes, realizada ontem. Com os corpos pintados e munidos de arcos, flechas e bordunas, eles foram até a Casa do Índio reivindicar a volta do antigo chefe da instituição, o também xavante Lino Tsere Ubudzi Moritu, afastado há 45 dias, após ter chefiado a casa por quase um ano.
Segundo o coordenador regional da Funasa, Reginaldo Peixoto Guimarães, Lino foi substituído por Oliveira por não ter se adaptado ao cargo, que exige experiência administrativa. Para atender às solicitações dos índios, Guimarães destituiu Oliveira da chefia e afirmou que vai nomear um funcionário da Funasa para assumir a função temporariamente, até que a situação seja resolvida. O grupo de caciques se comprometeu a agendar uma reunião com o chefe do Departamento de Saúde Indígena da presidência da Funasa, em Brasília, Ubiratan Pedrosa, para negociar a volta de Lino.
Violência
A reunião com o coordenador regional terminou pacificamente, mas o início da manifestação foi marcado por violência, quando Oliveira foi retirado, praticamente à força, de sua sala e chegou até a ser chutado por um dos manifestantes. Os portões da Casa do Índio foram trancados e o fio do telefone foi cortado, deixando o local isolado. Desrespeito e discriminação foram algumas das prerrogativas que os índios usaram para justificar o pedido de afastamento de Oliveira. Eles alegam que não estavam sendo tratados com dignidade pelo novo chefe da casa e tinham dificuldades de comunicação, já que Oliveira não fala a língua deles.
Eles também reclamaram que os portões da casa estão sempre fechados, impedindo a visita de familiares. Sobre o tratamento, Guimarães se comprometeu a apurar os fatos e, a respeito dos portões, ele esclareceu que, por se tratar de uma unidade intermediária de saúde, é preciso que haja certo controle de quem entra e de quem sai do local. Ele também explicou que a Casa de Saúde do Índio tem capacidade para atender 78 doentes – 18 na enfermaria e 60 no albergue – e não tem condições de abrigar todos os familiares dos internos, sob o risco de ocupar os leitos disponíveis com acompanhantes em detrimento de índios que realmente necessitem de atendimento.

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