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Xavante ocupam sede da Funasa e protestam contra Organização

Olhar Direto (MT) - http://www.olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?edt=25&id=90501
Autor: Ronaldo Couto
18 de Mar de 2010

De Barra do Garças - Ronaldo Couto

Lideranças xavante de nove terras indígenas do Vale do Araguaia estão neste momento dentro do prédio da Funasa em Barra do Garças, onde funciona o distrito de Saúde, numa manifestação pedindo explicações sobre a nova organização não-governamental Gangazumba, que substitui o Instituto de Tradições Indígenas(IDET), foi suspenso por falta de prestação de contas.

Devido à mudança da ong que auxilia na saúde indígena, foram suspensos contratos de agentes e técnicos de saúde, revoltando as lideranças xavante. Os índios decidiram ocupar o prédio para protestar.

Aproximadamente 80 índios, muitos pintados para guerra com urucum, portando bordunas, flechas e arcos e outros com uma novidade, com maquias fotográficas, filmadoras e até um notebook para registrar a manifestação. Quem passava pela sede da Funasa se assustou com a movimentação e a policia foi acionada. Viaturas da Policia Militar e da Policia Federal acompanhavam a distancia toda situação.

"População pode ficar tranquila, que índio quer apenar conversar", disse o cacique Agnello Wadzatse. O cacique Domingos Tsuime pediu a presença do chefe do distrito, João Martins. E o cacique Estanislau Were'etsi' reclamou sobre a falta de dentistas e agentes de saúde na aldeia Imaculada Conceição.

O chefe do distrito, João Martins, aceitou conversar com as lideranças indígenas e chegou sozinho ao prédio por volta das 12 horas. "Eu sou funcionário de carreira e os índios me respeitam. Eles sabem do meu trabalho por essa causa", destacou. Martins primeiro ouviu as lideranças e depois se manifestou.

Os caciques reclamam que a nova ong é de São Paulo e mantém um escritório em Cuiabá, mas não tem sede em Barra do Garças. O cacique Edmundo, ex-presidente do Conselho Indígena Condise, disse que andou toda a rua Goiás e não encontrou o endereço citado pela ong Gangazumba, em Barra do Garças. "Estão brincando com a saúde indígena", disparou. Segundo Edmundo, as lideranças temem que ong seja um esquema de caixa 2 eleitoral e querem mais informações sobre a idoneidade da organização.

Edmundo lembrou que a ong Idet foi afastada por falta de prestação de contas na primeira e segunda parcelas; cujos recursos foram bloqueados na terceira e quarta parcelas no valor de R$ 2 milhões de reais. Os caciques ressaltaram que a outra ong que permaneceu no apoio a saúde indígena, ONT tirou conceito péssimo em 2009 e deveria ser trocada na opinião deles. O cacique Agnello lembrou que a ONT recebeu mensalmente R$ 120 mil para recursos humanos, ou seja, contratar agentes de saúde.

O chefe do distrito, João Martins, pediu calma às lideranças. Ele alegou que a demora na recontratação dos agentes se deve a publicação da nova ong ter ocorrido somente agora. Martins ponderou que o distrito perdeu 17 técnicos de enfermagem em Água Boa e 11 na região de Campinápolis, devido à interrupção deste contrato. Sobre as camionetes, ele pediu a compreensão dos caciques da São Marcos, que a reserva deles já foi contemplada e seria a vez agora de atender Campinápolis e Água Boa.

João Martins chegou a dizer que está pronto para sair do cargo se essa for à vontade dos indígenas, mas que sai com a cabeça erguida e que nunca pegou nenhum centavo do dinheiro destinado aos índios. "Eu estou aqui há 6 meses e consegui reduzir o índice de mortalidade entre os xavantes, cumpri meu objetivo com vocês" finalizou.

Segundo o chefe do distrito, a sua gestão conseguiu reduzir de 32 mortes por mês para pouco mais de 10 mortes no mês de janeiro. E sobre os contratos para adquirir alimentos que davam para 7 meses, ele conseguiu economizar e hoje atende 17 meses. A reunião ainda não acabou, mas caminha para um entendimento e a desocupação do prédio.

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