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Xavante conquista vaga de Medicina

A Gazeta
20 de Mar de 2007

Da Redação

Depois de uma trajetória de estudos, Cacildo Tsiramne, 30, técnico em enfermagem, da etnia Xavante, consegue uma vaga no curso de Medicina da UFMT, numa concorrência de 68 candidatos índios por vaga. Ele conta que já se submeteu a outros 4 vestibulares, das quais dois deles conseguiu êxito. Não deu continuidade por falta de tempo e dinheiro. A experiência da vida e dos livros serviram para ele enfrentar as provas de seleção.

Cacildo reside na terra indígena de Sangradouro, é casado e tem 3 filhos pequenos. "Sempre gostei muito de estudar e trabalhar na área de saúde, agora posso realizar o sonho de estar de volta à aldeia para cuidar do meu povo".

A Pareci Nalva Maizokaerô Ferreira Souza, 30, casada, mãe de duas crianças (2 e 4 anos), passou em 2o lugar para Medicina, dentre as três vagas disponíveis para os estudantes índios. Ela mora na aldeia Vale do Rio Papagaio, no município de Sapezal. Não se lembra de ter vivenciado preconceito nas escolas estaduais de Tangará da Serra, onde cursou ensino fundamental e médio. "Sempre fui uma boa aluna, com boas notas e uma conduta exemplar. Entrar na universidade era um dos sonhos que ainda não tinha realizado".

A mãe da estudante é técnica em enfermagem, uma liderança na aldeia que sempre a incentiva busca pelo conhecimento. Para explicar o Ferreira Souza em seu nome ela volta ao passado. "Meu avô foi à cidade, já adulto, fazer registro de nascimento acompanhado de um amigo, para homenageá-lo, acrescentou o sobrenome".

Nalva diz que a vantagem de haver médicos índios é o fato deles conhecerem a realidade e os costumes do povo. O trabalho certamente será diferente do que hoje é desenvolvido pelos brancos, que vão às aldeias apenas eventualmente. "Estou com um pouco de medo de como vai ser o curso, se conseguirei acompanhar as aulas, mas tenho muita vontade de conseguir vencer todos os obstáculos". (RD)

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