VOLTAR

WWF-Brasil apoia consolidação de Resex no Mato Grosso

WWF - http://www.wwf.org.br
Autor: Jorge Eduardo Dantas
19 de Dez de 2012

Conhecer com precisão os limites geográficos das Unidades de Conservação amazônicas é um dos maiores desafios de quem trabalha com conservação em nosso país. Por isso, o WWF-Brasil, junto à Secretaria do Meio Ambiente do Mato Grosso (Sema/MT) apoiou, em 2012, o georreferenciamento e demarcação da Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt, uma área situada no noroeste do Mato Grosso e local de uma série de trabalhos realizados pelo Panda na região.

Criada em 1996 e posteriormente ampliada por meio de uma lei estadual em 2007, a Resex Guariba-Roosevelt possui 138 mil hectares e está localizada no município de Colniza, que fica a 1,2 mil quilômetros da capital mato-grossense Cuiabá.

Segundo o analista de conservação do WWF-Brasil, Marcelo Cortez, a ideia de apoiar o georreferenciamento e a demarcação da Reserva Extrativista surgiu da necessidade de se ter maior clareza sobre os limites daquela Unidade de Conservação.

"Nosso objetivo foi orientar as pessoas, principalmente os produtores rurais e extrativistas que moram e trabalham por ali já que, com a ampliação ocorrida em 2007, muitas áreas com grande riqueza florestal foram incorporadas à Unidade de Conservação", explicou. Marcelo disse também que a área é marcada pela presença intensa de fazendas e madeireiras, reforçando alguns problemas ambientais como a exploração predatória dos recursos naturais, a grilagem e o clima de incerteza sobre aquele território.

O especialista declarou ainda que a Resex Guariba-Roosevelt é uma das últimas UC's do País a contar com populações tradicionais em seu interior - ou "beiradeiros", como eles se chamam localmente.

Seis meses de trabalho

Alguns dos objetivos do georreferenciamento e demarcação foram: levantar e demarcar, com precisão, os limites legais da Unidade de Conservação e garantir que os dados gerados pudessem ser utilizados para a resolução de conflitos fundiários.

O processo todo durou cerca de seis meses: dois deles dedicados ao levantamento de informações legais e técnicas; e mais quatro de coleta de dados no campo, fixação de marcos e sistematização de informações técnicas, como pontos mapeados com GPS, listas de atividades realizadas e coordenadas geográficas.

A empresa Brasterra Consultoria e Planejamento Agroflorestal, sediada em Alta Floresta (MT), foi a responsável pelo trabalho no campo. O sócio proprietário da empresa, o engenheiro florestal Celço Givanni, afirmou que foram realizadas duas incursões à floresta: a primeira, para o levantamento de informações e planejamento da logística; e a segunda para a abertura de picadas, marcação dos pontos e fixação de placas. "Na primeira excursão, navegamos cerca de sete dias, no curso dos rios Guariba e Roosevelt. Andamos para o Norte, fomos até o limite do Mato Grosso com o Amazonas", disse.

Três meses em campo

Givanni afirmou que a segunda visita demandou uma logística mais complexa. Foram oito pessoas - entre técnicos e auxiliares como piloteiros, mateiros e guias - e cerca de três meses em campo. Entre as atividades realizadas neste segundo momento, estão a abertura de picadas de até 80 quilômetros, o mapeamento dos limites da área protegida e a fixação de placas de advertência em trechos específicos (foram 6 marcos e 58 pontos fixados pela equipe de campo naquela região).

O produto final desta iniciativa foi um DVD com todas as informações coletadas e sistematizadas, segundo padrões técnicos nacionais de georreferenciamento e demarcação. Este material foi entregue a Secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso, a gestora da Unidade de Conservação.

Nova espécie de primata

A reserva extrativista Guariba-Roosevelt está situada no interior da região conhecida como "Arco do Desmatamento" e, por conta disso, sofre uma série de pressões ambientais como grilagem, pesca predatória, poluição dos rios, desmatamento, expansão agrícola desenfreada e ausência de fiscalização por parte dos órgãos ambientais. A existência de fazendas e madeireiras dentro da Unidade de Conservação, como já dito, é outro grave problema ambiental verificado ali.

Em 2010, o WWF-Brasil e a Sema promoveram uma expedição científica àquela área para subsidiar a elaboração dos planos de manejo de quatro Unidades de Conservação da região - e o resultado mais significativo da empreitada foi a descoberta de uma nova espécie de primata, do gênero Callicebus, que foi tombada e hoje é objeto de estudos no Museu Paraense Emilio Goeldi, em Belém (PA).

http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/areas_prioritarias/amazonia1/…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.