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Waimiri Atroari crescem 5,76% ao ano

Folha de Boa Vista - www.folhabv.com.br
21 de Out de 2008

Os índios waimiri atroari, comunidade composta por vinte aldeias, localizadas no norte do Amazonas e sul de Roraima, crescem a uma taxa de 5,76% ao ano, graças ao Programa Waimiri Atroari, uma parceria da Eletronorte com a Funai (Fundação Nacional do Índio), para assistir o grupo, depois que a Usina Hidrelétrica Balbina inundou parte de suas terras.

Antes da criação do Programa, em 1988, a população waimiri atroari era constituída por 374 membros. As ações mitigadoras empreendidas pela Eletronorte devido aos impactos provocados pela construção da Usina Hidrelétrica Balbina em suas terras, possibilitaram uma taxa de crescimento de 5,76% ao ano. Até janeiro de 2008, 1.245 membros formavam a comunidade. O programa, que venceria em 2013, foi prorrogado.

Quando o Programa Waimiri Atroari começou, os índios tinham pouco contato com o mundo ocidental, por isso o trabalho foi feito de forma gradativa. "Nosso propósito não era retirá-los da floresta nem modificá-los, mas fazer com que eles entendessem o nosso mundo para se relacionar numa posição de igualdade. Hoje eles dominam vários setores do nosso sistema e voltaram a ser independentes com relação à economia. Essa independência começa a ser vista também na saúde e educação", esclarece o consultor indigenista da Eletronorte e idealizador do Programa, José Porfírio Carvalho.

Segundo o líder da comunidade, Mário Parwe Atroari, o povo Waimiri Atroari passou por muitas dificuldades nas mais diversas áreas. "Antes do Programa era muito ruim. Morreram muitas pessoas na nossa comunidade, inclusive minha esposa e meu pai, por falta de assistência médica. Hoje a nossa população está feliz com o apoio da Eletronorte. Temos saúde, educação, fiscalização e demarcação", relata o líder.

Educação

Quando o Programa começou, Marcelo Ewepe Atroari, hoje coordenador da educação indígena e professor, tinha 14 anos. Ele aprendeu a ler e escrever e depois se tornou professor. Primeiro os índios aprendem a escrever sua própria língua e depois o português.

Para Marcelo Ewepe este foi um processo difícil, contudo, muito enriquecedor. "Entender outra língua foi um algo complicado. Quando comecei a escrever a nossa língua e aprender a interpretar os textos, comecei a pensar em ser professor. Tenho muito orgulho em dizer que nunca precisamos ir até a cidade para estudar", frisa Marcelo.

Na escola, as turmas são divididas de acordo com o horário. Há a preocupação de que as crianças não fiquem apenas em sala de aula, mas também tenham tempo para aprender a cultura dos seus ancestrais. A sabedoria dos velhos - txamyry é fundamental nesse processo, pois ajuda a disseminar a história do seu povo.

Hoje, a maioria das pessoas já sabe ler e escrever as duas línguas. Os líderes repassam o conhecimento para as novas gerações. "A responsabilidade do nosso povo está nas mãos da nova geração. Temos que começar a nos preparar para dar andamento ao trabalho que foi iniciado. O papel da Eletronorte foi trabalhar com a educação para que nosso povo não fosse enganado. Isso já foi feito. Estamos na luta pelos nossos direitos", reafirma o professor.

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