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Visita da Comissão agradou indígenas

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
10 de Fev de 2004

A Comissão Externa do Senado, criada por proposição do senador Mozarildo Cavalcante (PPS-RR) encerrou o período de visita ao estado de Roraima no último sábado, após cumprir diversas reuniões realizadas na área Serra do Sol, no município de Uiramutã e na área da Raposa, acompanhados por técnicos do Senado, dois delegados da Polícia Federal e representantes do Exército, vindos do Comando Militar da Amazônia (CMA), de Manaus.

A primeira visita aconteceu na sede da área Serra do Sol, nas proximidades do Monte Roraima, quando a Comissão foi recebida no Templo Religioso do Ingaricós que em número de 1.025 índios são contrários a homologação da Raposa/Serra do Sol de forma contínua.

Lá os senadores ouviram depoimentos de Dílson Domente Ingaricó, que é presidente do Conselho Indígena daquela etnia, do tuxaua Marcos, que é o líder religioso daquela aldeia e ainda da ex-tuxaua, Angelita que falando na sua própria língua disse que as autoridades vêm de Brasília, conversam com os índios e depois voltam com decisões contrárias ao que conversaram. Ela citou o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos como uma dessas autoridades e disse: "Ele veio aqui, nos garantiu que a homologação atenderia a todos para evitar conflitos. Depois, lá de Brasília ele anuncia a decisão e agora vemos nossos parentes em conflito", disse Angelina pedindo para que os senadores e assessores do Senado não fizessem o mesmo.

Uiramutã
No município de Uiramutã, a Comissão de Senadores, convidados e assessores foram recebidos na Escola Estadual Joaquim Nabuco.
Após a execução do Hino Nacional os parlamentares ouviram uma dezena de discursos acirrados quando a principal linguagem dos tuxauas era a ameaça de conflito caso haja a homologação em área contínua.

O tuxaua Abel Barbosa, da maloca do Flexal, foi o mais exaltado, reclamando das autoridades de Brasília que só conversam com os índios e não resolvem a questão da demarcação, gerando conflitos entre eles próprios, advertiu. Já a indígena Avelina, da Maloca do Ticossa acusou o padre Jorge que ter incentivado os índios a matarem os bois dos fazendeiros. Ela disse que o religioso logo que chegou na região "era um homem bom e que só fazia o bem. Dois anos depois começou a incentivar nossos parentes a matarem bois e promoverem atritos".

Cidade constitucional
A prefeita de Uiramutã, Florany Mota, lembrou que mesmo sendo filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT), do presidente Lula, não concorda com a decisão do ministro da Justiça em propor ao Palácio do Planalto uma homologação da Raposa/Serra do Sol em área contínua. Ela disse que sua cidade foi criada de acordo com a Constituição Brasileira e que de um momento para o outro não pode ser retirada do mapa.

A última rota cumprida pela Comissão foi na Maloca do Napoleão, na área da Raposa, município de Normandia. Lá os tuxauas dos 782 índios macuxi também se posicionaram contrários à homologação contínua.
O prefeito do município, Afonso Nivaldo disse acreditar no trabalho da Comissão e que ainda espera do presidente Lula uma decisão que agrade a todos e não o conselho de Márcio Thomas Bastos que defende uma homologação em área contínua

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