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Violência e drogas entre jovens, rotina dos bororos

OESP, Nacional, p.A11
27 de Fev de 2005

Violência e drogas entre jovens, rotina dos bororos

Dourados - Além dos problemas de saúde, a comunidade indígena da região de Dourados (MS) enfrenta, como as populações urbanas, uma escalada de violência e consumo de drogas entre adolescentes. Para o capitão Luciano Arévolo, da aldeia bororo, a falta de perspectivas para o futuro é o principal motivo que induz os jovens caiovás à criminalidade. Com o fim da Operação Sucuri, em que Polícia Federal e Fundação Nacional do Índio (Funai) fizeram buscas em aldeias, as lideranças locais se dividiram em grupos para, eles mesmos, apreenderem armas e drogas.
Pouco antes de receber a reportagem do Estado, o capitão caiová Luciano Arévalo e seu grupo flagraram jovens fumando algo em uma lata de alumínio, amassada e furada na lateral, como fazem os usuários de crack. Os garotos fugiram, contou, mas deixaram para trás a lata e uma faca. No sábado, uma denúncia de moradores levou à apreensão de uma espingarda, facas e trouxinhas de maconha. Segundo Luciano, jovens da aldeia começam a roubar índios e visitantes para comprar drogas.
Ele diz que os líderes apresentam os jovens criminosos à polícia, mas não querem que sejam presos. Pela tradição caiová, um índio que rouba é obrigado a devolver o que pegou e a prestar algum serviço para a vítima, como ajudar na lavoura ou limpar o quintal. "Mas teve um procurador de Justiça que proibiu a gente de fazer isso. Disse que estávamos escravizando os jovens", reclama.
O presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, diz que a Operação Sucuri conseguiu reduzir os índices de violência na região, mas o capitão Luciano constata que, recentemente, o problema voltou a ganhar força.

OESP, 27/02/2005, p.A11

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