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Violência contra indígenas é problema pouco debatido na campanha de candidatos do Mato Grosso do Sul

Valor Globo: https://valor.globo.com/
Autor: Renan Truffi
27 de Set de 2022

Estado registrou, desde junho, o assassinato de ao menos três pessoas ligadas à etnia guarani-kaiowá

Estado brasileiro com o segundo maior número de indígenas do Brasil, atrás do Amazonas, o Mato Grosso do Sul registrou, desde junho, o assassinato de ao menos três pessoas ligadas à etnia guarani-kaiowá. Todos eram de Amambaí, município onde fica uma das maiores aldeias da região. O tema, entretanto, está longe de pautar a disputa eleitoral pelo governo local. Ao contrário, assuntos como o desenvolvimento do agronegócio e até a inauguração de um aquário ganham mais espaço nos debates e nas agendas políticas.

Dos três indígenas mortos durante o período eleitoral, dois foram vítimas de emboscadas e um terceiro morreu no confronto entre povos originários e policiais militares, após uma disputa pelo território Guapoy.O último desses casos aconteceu no dia 13 de setembro, quando Vitorino Sanches, líder indígena atuante, foi executado à luz do dia por pistoleiros. Ele já havia sobrevivido a outro atentado há algumas semanas antes.

O assunto só não passa despercebido porque, pela primeira vez em sua história, o Mato Grosso do Sul tem um candidato ao governo do Estado que é indígena. Trata-se de Magno de Souza, do PCO, que tem participado de debates e sabatinas enquanto recorre da impugnação de sua candidatura, imposta com base na Lei da Ficha Limpa.

"O que está acontecendo é uma guerra", disse Magno num dos debates. "Nossos indígenas estão morrendo sem direito nenhum", complementou. Apesar da tentativa do candidato do PCO de jogar luz no assunto, a eleição sul-mato-grossense tem ficado marcada por outras questões e, principalmente, pela troca de farpas entre os sete candidatos, maior número desde a criação do Estado - pelo menos quatro deles têm chances de irem ao segundo turno.

Um dos temas que opõem dois dos principais candidatos é a entrega de um aquário no centro de Campo Grande, após 11 anos do início das obras. O chamado Aquário do Pantanal teve sua construção iniciada na gestão de André Puccinelli, agora candidato do MDB, mas só foi concluída, às vésperas da eleição, na gestão do atual governador, Reinaldo Azambuja (PSDB), que busca transferir os louros para seu sucessor político, Eduardo Riedel, também do PSDB.

O tucano, que tem experiência no agronegócio, também tem focado em mostrar iniciativas do atual governo que permitem a chegada de novas empresas ao Estado. "A evolução do agro no Estado não parou. E agora há uma migração de unidades industriais para cá", disse.

Segundo reportagem publicada pelo Valor no mês passado, Estados da região Centro-Oeste devem ter o maior crescimento econômico neste ano, puxados pela agropecuária. Entre eles, destacam-se o Mato Grosso e, em seguida, o Mato Grosso do Sul - sobretudo devido ao desempenho da produção nos segmentos de milho e carnes. Além disso, as indústrias de ambos os Estados tendem a se beneficiar do cenário positivo para a produção de alimentos, celulose e biodiesel.

Já o candidato do PSD, Marquinhos Trad, procura comparar a evolução da capital do Estado, da qual foi prefeito, com o "esquecimento" que teria atingido o interior.

https://valor.globo.com/politica/eleicoes-2022/noticia/2022/09/27/viole…

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