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Violência assola aldeias indígenas

CB, Brasil, p. 13
13 de Jan de 2007

Violência assola aldeias indígenas
Cimi diz que aumentou o número de mortes de índios no governo Lula, em relação ao de FHC. No Maranhão, dois guajajaras são assassinados

Hércules Barros
Da equipe do Correio

Mesmo longe da violência urbana que assola as grandes cidades brasileiras, a população indígena não escapa das estatísticas de mortes violentas. A média anual de assassinatos de indígenas dobrou nos quatro anos de governo Lula (2003 - 2006) em comparação com os oito anos de gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995 -2002). O número de índios assassinados passou de 20,65 por ano para 40,67. Na prática, morreram apenas três índios a mais durante todo o governo FHC do que na primeira gestão petista. Mas, nem sempre os índios são vítimas. Em alguns casos, eles são os próprios gentes da violência.

Ontem, dois índios guajajaras morreram durante troca de tiros com um policial no município de Barra do Corda (MA). Os irmãos Jonas Serafim Guajajara e Ornilo Serafim Guajajara, tentaram assaltar, na BR-226, o ônibus que o policial viajava. Outros cinco índios, entre eles dois menores, foram detidos, acusados de participação no assalto.

O delegado José Afonso de Carvalho Ferreira, titular da 25ª regional de Barra do Corda, acredita que a violência indígena tem influência de criminosos e traficantes "brancos" que se infiltram na reserva e aliciam os índios. "Eles se aproveitam da proteção federal às terras indígenas que limitam a ação da polícia local", afirma. Vinte e sete quilômetros da rodovia cortam pelo menos 20 aldeias guajajaras. O delegado ressalta que o crime tem sido recorrente na região e teme que haja mais mortes. "Hoje (ontem) tenho 11 índios presos aqui por assalto ou tráfico de drogas", disse.

O levantamento sobre o índice de assassinato de índios no país faz parte do relatório A violência contra os povos indígenas no Brasil, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Cimi está presente em 23 estados e atua na atenção ao índio brasileiro desde 1972. A organização divulgou, no início da semana, os números parciais dos assassinatos ocorridos em 2006. Das 40 mortes contabilizadas pelo Cimi, 20 foram registradas no Mato Grosso do Sul (MS). E a violência no estado continua a fazer suas vítimas em 2007.

O presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, considera superestimados os índices apresentados pelo Cimi. "Eles buscam esses números em fontes não-oficiais e somam todos os tipos de mortes violentas, como atropelamento", conta. Segundo a Funai, o número oficial de mortes resultantes de conflitos por questões fundiárias em 2003 e 2005, por exemplo, não chegaram à casa das dezenas, enquanto o Cimi divulgou um total de mais de 40 óbitos a cada ano.

CB, 13/01/2007, Brasil, p. 13

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