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Villas Bôas culpa Funai por mortes de índios

Folha de S.Paulo-SP
18 de Nov de 2001

O sertanista Orlando Villas Bôas, 87, responsabiliza a Funai pelas mortes dos índios panarás no começo da década de 70. "A Funai é o organismo encarregado de defender a terra e o índio, mas não defendeu. Isso tudo aconteceu por inoperância da Funai."

Orlando e seu irmão Cláudio Villas Bôas, morto em 98, participaram da "frente de atração" que, em fevereiro de 1973, conseguiu fazer o primeiro contato com os panarás. Eles eram índios isolados quando tiveram as suas terras cortadas pela rodovia BR-163 e invadidas por garimpeiros.

Depois dos primeiros contatos, os irmãos Villas Bôas deixaram os panarás aos cuidados da Funai. "Se nós [os irmãos Villas Bôas] estivéssemos lá isso não teria acontecido com eles", afirmou.

Orlando se lembra do primeiro encontro com os panarás, aos quais prefere continuar chamando de Kreen-Akarôre -que significa "cabeça cortada redonda" e define o corte de cabelo tradicional dos panarás.

Segundo Orlando, a "frente de atração" começou antes do surgimento da BR-163. Os irmãos Villas Bôas levaram cinco anos para se aproximarem dos panarás. "Fizemos a atração a pedido da Aeronáutica, que estava construindo a Base Aérea de Serra do Cachimbo, próxima à área indígena."

O sertanista lembra que os panarás eram "um grupo muito agarrado a sua área", de onde foram transferidos em 1975 para o Parque Indígena do Xingu (MT), localizado a 250 km da reserva panará. "Fizemos isso porque eles estavam morrendo por causa do contato com os brancos."

Para o diretor do Departamento de Índios Isolados da Funai, Sydney Possuelo, 61, o encerramento do processo em que a União e a Funai foram condenadas por danos morais aos panarás "representa um marco na história indigenista brasileira". Ex-presidente da Funai (1991/93), o sertanista Possuelo disse que a atual política da Funai é de tentar proteger os índios isolados sem fazer contato com eles.

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