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Vida silvestre diminuiu 52% em 40 anos

O Globo, Sociedade, p. 30
01 de Out de 2014

Vida silvestre diminuiu 52% em 40 anos
América Latina registrou maior redução de populações, diz pesquisa da WWF

Renato Grandelle

RIO - Pouco mais de 200 gorilas de montanha dividem espaço no Parque Nacional de Virunga, na República Democrática do Congo. É um número expressivo, já que existem menos de mil espécimes na natureza. Mas a licença para a exploração de petróleo nesse Sítio do Patrimônio Mundial Natural deixará os símios com os dias contados. A degradação de Virunga ilustra o Relatório Planeta Vivo 2014, divulgado ontem pela Ong WWF. Segundo o levantamento, a população de milhares de animais silvestres diminuiu 52% desde 1970.
O resultado surpreendeu os próprios pesquisadores. Em 2012, na edição anterior do estudo, estimava-se que 30% das espécies teriam redução de suas populações.
- A destruição da biodiversidade está aumentando exponencialmente - alerta Jean-François Timmers, superintendente de Políticas Públicas do WWF-Brasil. - A indústria e a exploração insustentável de commodities dominam regiões do mundo inteiro, do fundo do oceano ao Ártico. Os animais que são indicadores da saúde dos ecossistemas estão desaparecendo.
A ONG analisou 10.380 populações de 3.038 espécies de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes. A redução mais dramática da biodiversidade foi na América Latina - uma queda de 83%. É um índice muito maior do que o registrado em toda a zona tropical (56%) e nas regiões de clima temperado (36%).
Entre os fatores responsáveis pela liderança latino-americana estão o aumento do consumo da classe média, o desmatamento e a exploração de caça e pesca.
A Ásia e a África também indicam um crescente quadro de degradação de ecossistemas. Além do aumento do poder de compra da população, até costumes históricos contribuem para riscar espécies do mapa.
- A medicina tradicional chinesa acredita que os chifres de rinocerontes são estimulantes sexuais - conta Timmers. - Além disso, em alguns países do Sul da Ásia, o marfim é um símbolo do status social. Com a pressão da caça, provavelmente não teremos mais elefantes na vida silvestre daqui a 15 anos.
FLORESTAS ISOLADAS SOB RISCO
Segundo a WWF, a classe média dos países em desenvolvimento poderá triplicar até 2030, representando um risco ainda maior ao meio ambiente.
A Mata Atlântica é um exemplo de como as cidades podem sufocar os ecossistemas. Estima-se que existam apenas 250 onças-pintadas nas florestas do bioma. Além disso, trechos de áreas verdes com menos de 500 hectares estão com os dias contados.
- Mesmo que as espécies presentes ali não estejam na lista de ameaçadas de extinção, provavelmente a comunidade inteira desaparecerá. É o homicídio de todo o ecossistema.
De acordo com a WWF, ainda não é possível medir a força das mudanças climáticas sobre a extinção das espécies.

O Globo, 01/10/2014, Sociedade, p. 30

http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/vida-silvestre-diminuiu-52-em…

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