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Vida é pior fora das aldeias

Radiobrás-Brasília-DF
19 de Abr de 2005

Vítimas do preconceito, indígenas que vivem nas cidades lutam por
direitos e para fortalecer identidade étnica

- Cerca de 100 mil a 190 mil índios vivem fora das terras
indígenas, inclusive em centros urbanos, segundo estimativas da
Fundação Nacional do Índio (Funai). Em Manaus, um levantamento da
Pastoral Indigenista, realizado em 1996, identificou a presença de
8.500 indígenas na cidade. Para a Coordenação das Organizações
Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), esse número hoje pode
chegar a 20 mil. "Manaus foi historicamente tomada dos povos
indígenas. Hoje, eles estão voltando para cá", declarou Francisco
Loebens, coordenador regional do Conselho Indigenista Missionário
(Cimi).

Os indígenas costumam ser vítimas de preconceito ou de
idealizações. "Para a maior parte dos não-índios, índio ainda é
aquele que necessariamente anda nu", lamentou Francisco. Isso ajuda
a explicar o fato de os indígenas que vivem nas cidades serem
comumente ignorados tanto pelo governo quanto pelas organizações não-
governamentais.

A Funai já reconhece os chamados "desaldeados" como indígenas, mas
ainda não tem qualquer ação voltada para eles. Os indígenas de
Manaus, entretanto, estão se organizando para fortalecer sua
identidade étnica e lutar por seus direitos.

MULHERES - A Associação das Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro
(Amarn) surgiu em 1987, a partir da união de jovens que vinham para
Manaus trabalhar como empregada doméstica. Uma delas, Lúcia Rezende,
hoje é coordenadora da associação. "Minha aldeia é minha casa, é
onde eu estiver", resumiu Lúcia, que é da etnia Tukano. As etnias
mais numerosas em Manaus, segundo dados da Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz), são Tikuna, Tukano e Sateré-Mawé.

A Amarn tem 70 associadas, que fazem e vendem coletivamente
artesanato, como forma de complementar a renda familiar. Hoje, a
comercialização dos produtos da Amarn tem apoio da Petrobras. As
mulheres do Alto Rio Negro que vivem em Manaus começaram a se reunir
para praticar a língua Tukano e criar uma rede de apoio e
solidariedade entre elas. Há quatro anos, a Amarn começou a oferecer
também cursos de Tukano para crianças e jovens de 2 a 15 anos.

"Este ano, as oficinas de Tukano ainda não começaram porque estamos
com dificuldade para financiar o material didático e o transporte
dos alunos" lamentou Lúcia Rezende.

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