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Viagem à Amazônia

Diário da Manha - http://www.dm.com.br
Autor: Alba Dayrell
17 de Set de 2014

A Amazônia sempre exerceu atração nas pessoas do mundo inteiro, sejam elas cientistas ou apenas curiosas. Talvez seja devido à grandiosidade da floresta ou à majestade do rio. A variedade da flora e a diversidade da fauna fascinam estudiosos e pesquisadores. Algumas espécies de plantas são encontradas somente nessa região. Extraordinárias lendas sobre índios, lugares misteriosos, animais selvagens despertam atenção de habitantes das mais longínquas partes do Globo.

Brasileiros de espírito aventureiro, também estávamos interessados em conhecer esse mundo maravilhoso para desfrutarmos das belezas desse extraordinário lugar. Reunimos a família para empreendermos uma viagem rumo ao magnífico santuário da natureza; tivemos momentos de grande emoção; o que foi visto, ouvido e vivido ficará para sempre registrado em nossas memórias.

Desembarcamos em Manaus, pensando entusiasticamente na programação que nos aguardava. Olhamos encantados o deslizar imponente do rio, enquanto esperávamos o barco para explorarmos os arredores da cidade. Todavia, queríamos mesmo era ver de perto o espetáculo extraordinário do encontro das águas, fenômeno que ocorre na confluência entre os rios Negro e Solimões.

O rio Amazonas origina-se da nascente do rio Apurimac, na Cordilheira dos Andes, ao sul do Peru. No decorrer do seu percurso passa por várias denominações, para finalmente entrar em território brasileiro com o nome de Solimões. Quando junta-se ao Negro, seu grande afluente proveniente dos Andes colombianos, recebe o nome de Amazonas, após passar pela cidade de Manaus.

As águas escuras do rio Negro e as barrentas do Solimões, não se misturam. Surpreendentemente, correm lado a lado durante um percurso de aproximadamente seis quilômetros, para finalmente se fundirem em uma única tonalidade. Certamente isso ocorre devido à diferença existente entre eles, uma vez que o Negro faz uma média de 2km por hora em uma temperatura de 28oC, enquanto o Solimões corre cerca de 6km por hora a 22oC. A natureza, insólita, constantemente nos surpreende com tanta beleza!

Logo embarcamos em direção ao rio Ariarú, afluente do Negro, para chegarmos ao nosso hotel, no meio da selva. A construção era verdadeiramente interessante. O complexo contava com várias torres redondas em madeira, de cinco a seis andares, construídas sobre palafitas. Passarelas suspensas interligavam as unidades. Não havia telefone nem televisão nos quartos, pois o objetivo era a integração dos hóspedes.

Durante a semana que lá passamos, quase todos os dias chegavam novas excursões. Quando os estrangeiros desembarcavam, um grupo de índios estava à espera para recepcioná-los com danças, exibição de instrumentos de percussão e oferta de colares acompanhados de alguns cocares. Nesse momento, recipientes distribuídos discretamente em pontos estratégicos eram abastecidos com alimentos. Imediatamente, apareciam várias espécies de macacos, araras, mulatas e outros animais para regozijo dos turistas de além-mar.

Cada passeio significava novas experiências. Durante o dia, visitamos lugares bucólicos, vimos vitórias-régias em abundância com as mais lindas flores, casas sobre palafitas, crianças se dirigindo às aulas remando canoas, índios nas aldeias, botos jocosamente se erguendo para respirar, enfim, um leque de novidades se abria diante dos nossos olhos. À noite, participamos da focagem de jacarés, o que para nós não constituía novidade por conhecermos esses animais do Pantanal e do rio Araguaia. Para os estrangeiros, porém, era um espetáculo raro.

Fizemos um passeio a pé pela floresta com o guia nos mostrando plantas medicinais. Pelas folhas, podíamos sentir o aroma de remédios conhecidos. Visitamos fazendas típicas da região onde tivemos oportunidade de ver a árvore da castanha-do-pará, o pé de açaí e outras mais. Ficamos encantados com as castanhas-do-pará, que se agrupam em um casco similar ao do coco-da-baía, com tal perfeição que quando as retiramos torna-se impossível recolocá-las na posição original. Quando fizemos um tour de helicóptero para termos uma vista aérea do rio e da floresta, pudemos perceber a grandeza da mata a perder de vista. As árvores que se destacavam das outras pelo tamanho e imponência eram a castanheira e a samaúma.

Seria difícil descrever tudo o que vimos, ouvimos e sentimos nesse lugar sagrado. Temos consciência de que a Floresta Amazônica é uma riqueza que deve ser preservada e respeitada. Voltamos felizes com a oportunidade de vivermos alguns dias nesse lugar único no mundo, herança especial do nosso território.

(Alba Dayrell, membro da Academia Feminina de Letras e Artes (Aflag), da União Brasileira dos Escritores (UBE) e professora aposentada da UFG)

http://www.dm.com.br/texto/191140-viagem-a-amazonia

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