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Veja o que é #FATO ou #FAKE na entrevista de Jair Bolsonaro para o podcast Flow

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09 de Ago de 2022

Veja o que é #FATO ou #FAKE na entrevista de Jair Bolsonaro para o podcast Flow
Candidato à reeleição para a Presidência da República foi entrevistado pelo programa na segunda-feira (8).

Por g1, TV Globo, GloboNews, O Globo, Extra, CBN e Valor*
09/08/2022

Presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), foi entrevistado no podcast Flow nesta segunda-feira (8).
A conversa, que teve 5h20 de duração, foi transmitida ao vivo pelo Youtube e já tem quase 8 milhões de acessos nesta terça-feira.

A equipe do Fato ou Fake checou algumas das principais declarações de Jair Bolsonaro. Leia:

"Eu fui o primeiro presidente a pegar a lei de teto [de gastos]."

A declaração é #FAKE. Veja por quê: A PEC do teto de gastos foi promulgada no Congresso Nacional em dezembro de 2016, durante o governo de Michel Temer (MDB). Temer governou em 2017 e em 2018 com a lei já em vigência.

A legislação limita o crescimento dos gastos federais em 20 anos. Ela determina que os gastos públicos só podem aumentar de acordo com a inflação do ano anterior.

"Quem se contaminou [de Covid-19] está melhor imunizado do que quem tomou a vacina."

A declaração é #FAKE. Veja por quê: O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos afirma que a vacinação contra a Covid-19 causa uma resposta imune mais segura do que a infecção pelo vírus que causa a doença. O órgão também atesta que a vacina dá à maioria das pessoas um alto nível de proteção contra o novo coronavírus e fornece proteção adicional para pessoas que já tiveram Covid-19.

A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) também afirma que os dados mostram que a imunidade conferida pela infecção natural é muito inferior à imunidade conferida pela vacinação. Renato Kfouri, diretor da instituição, ressalta que, se você aplica uma vacina pós-doença, o risco de reinfecção é cinco vezes menor em indivíduos que tomaram a vacina do que aqueles que tiveram a doença e nunca foram vacinados. Por isso, recomenda-se a vacinação independentemente de se ter tido ou não Covid. A imunidade conferida pela infecção natural não é duradoura, explica o especialista, e é menos robusta do que a imunidade conferida pela vacina.

"A apuração tem que ser pública. Se é numa sala-cofre não é público. Vinte e poucos servidores apuram lá dentro."

A declaração é #FAKE. Veja por quê: Após o término da votação, os votos apurados em cada urna são impressos no boletim de urna, que é pregado na parede da seção eleitoral e pode ser verificado por qualquer pessoa. Os boletins de urna também são disponibilizados publicamente no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e, em 2022, vão poder ser acessados por qualquer pessoa em tempo real.

De acordo com o TSE, existem duas salas-cofre nas dependências da Secretaria de Tecnologia da Informação (STI) do tribunal: uma hospeda o datacenter do TSE e, a outra, a autoridade certificadora das urnas e o código fonte dos sistemas das eleições (após ser lacrado). Ambos os espaços são monitorados 24 horas por dia, sete dias da semana, por pelo menos três pessoas - tudo para garantir a segurança dos sistemas.

O monitoramento e a divulgação dos dados acontecem em outra sala, onde trabalham os técnicos do TSE. Este local é aberto para que representantes de entidades fiscalizadoras, como o Ministério Público, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Polícia Federal e representantes de partidos políticos, acompanhem o processo.

A sala da equipe de totalização é reservada especificamente para a observação da totalização e divulgação dos votos das eleições. No local, ficam técnicos da Justiça Eleitoral para dar suporte aos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) e acompanhar esse processo. E, no dia da eleição, o espaço é aberto para representantes das entidades fiscalizadoras.

Embora essas instituições acompanhem o processo, não há a possibilidade de interferência no resultado da eleição ou de manipulação de dados que possam comprometer o resultado final do pleito, uma vez que os dados são divulgados logo após o fim da votação nos boletins de urna.

"Pediram de forma atrasada. Em 24 horas, começaram a chegar os aviões com cilindro de oxigênio a [Manaus]."

A declaração é #FAKE. Veja por quê: A principal fornecedora de oxigênio para o Amazonas, a empresa White Martins, comunicou ao Ministério da Saúde a dificuldade de produção do insumo no dia 8 de janeiro de 2021, segundo a Procuradoria Geral da República. A crise da falta do insumo, que resultou em pelo menos 30 mortos, eclodiu quase uma semana depois, no dia 14 e 15. A capacidade de três fornecedores da região era de 28,2 mil metros cúbicos diários. Mas a demanda chegou a 76,5 mil metros cúbicos no dia 14 de janeiro.

De fato, na madrugada do dia 15, aviões carregados com cilindros de oxigênio chegaram ao estado. Mas eles não foram encaminhados pelo governo federal e, sim, por São Paulo e por uma empresa fornecedora.

O então ministro da Saúde Eduardo Pazuello afirmou, naquele dia, que o governo não tinha capacidade para transportar cilindros por conta própria.

Ainda segundo a Procuradoria Geral da República, desde 6 de janeiro havia a recomendação de transferência dos pacientes graves para outros estados, o que só ocorreu dez dias mais tarde. A operação, responsável pela transferência de mais de 500 pacientes, se estendeu até 10 de fevereiro.

À época, artistas fizeram campanha para mandar cilindros de oxigênio aos hospitais do Amazonas.

O governo da Venezuela também doou oxigênio à Manaus. Os mais de 100 mil metros cúbicos chegaram quatro dias depois da crise eclodir.

Na ocasião, o presidente Jair Bolsonaro se defendeu e disse que "não é competência" e "nem atribuição" do governo federal levar oxigênio para o Amazonas e que não houve omissão diante da crise.

"No passado, quando na iminência de eu assumir, por ocasião da transição, eu descobri que a Funai tinha um contrato de cinquenta milhões de reais pra ensinar índio a mexer com Bitcoin. Na transição [eu falei]: 'vamos cancelar isso aí'."

#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: O presidente Jair Bolsonaro menciona a assinatura de um Termo de Execução Descentralizada (TED) de R$ 44,9 milhões entre o governo e a Universidade Federal Fluminense (UFF) para o desenvolvimento do "Projeto de Fortalecimento Institucional", que previa diversas ações, entre elas a criação de uma de criptomoeda indigenista - e não bitcoin, que é uma das criptomoedas existentes.

Em nota à época, a UFF informou que o desenvolvimento de uma criptomoeda indigenista seria "apenas uma parte do projeto, que é destacado pela ideia inovadora para criar uma moeda alternativa para os indígenas, que poderia transformar a realidade desses povos".

O projeto, ainda segundo a UFF, teria também como objetivos "a completa reformulação da fundação, incluindo processos internos, desenvolvimento de lógica de indenização em terras indígenas com valorização de cadeia produtiva e autonomia das populações, uso de comunicação via satélite, infraestrutura agrária e de cultivo para dezenas de povos indígenas, áreas nas quais a UFF possui expertise comprovada".

Não há o detalhamento de quanto desses R$ 44,9 milhões seria destinado a cada ação.

Assim que assumiu o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, em 2 de janeiro de 2019, Damares Alves assinou um ofício pedindo a suspensão do TED.

"O PPI [Preço de Paridade Internacional] foi necessário, no meu entender, para estancar a hemorragia da Petrobras, porque o endividamento da Petrobras, de 2003 a 2015 - você sabe quem governou o país nessa época -, chegou a US$ 180 bilhões de dólares, R$ 900 bilhões. Passamos a ser a empresa mais endividada do mundo."

#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: O maior índice de dívida obtido pela Petrobras no período citado foi no terceiro trimestre de 2015, quando a petroleira registrou um endividamento de R$ 506,5 bilhões em valores atualizados, bem abaixo do citado pelo presidente. Na época, equivalia a US$ 101 bilhões.

Bolsonaro, no entanto, pode estar fazendo referência à fala de Roberto Castello Branco - presidente da empresa de 2019 a abril de 2021 - que disse, em junho de 2019, que a estratégia de não repassar os preços internacionais para o diesel e a gasolina causou um prejuízo de R$ 180 bilhões para a estatal em outro período, entre 2008 e 2018.

Em relação à segunda parte da declaração, em 2013, o Bank of America considerou a estatal brasileira a empresa mais endividada do mundo.

"Quanto eu gastei na minha campanha? Eu gastei R$ 2,5 milhões. Em 2018."

A declaração é #FATO. Veja por quê: Segundo a prestação final de contas entregue por Bolsonaro ao TSE em 2018, a campanha gastou R$ 2.812.442,38. Deste montante, R$ 2.456.215 foram despesas contratadas, e R$ 345.000 foram doados a outros candidatos. No total, a campanha arrecadou R$ 4.390.140,36.

"Nenhum jornalista foi preso no regime militar."

A declaração é #FAKE. Veja por quê: Relatório da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) analisado pela Comissão Nacional da Verdade detalhou a perseguição a 50 jornalistas durante a ditadura militar (1964-1985), incluindo agressões, prisão, tortura e morte. O documento registra, ao todo, 30 prisões de jornalistas pelos militares.

Segundo o relatório da Comissão Nacional da Verdade, entre 1964 e 1988 foram identificadas na Comissão de Anistia 114 trabalhadores urbanos mortos e desaparecidos.

"Do conjunto de trabalhadores urbanos mortos e desaparecidos, 53 eram operários, 16 eram bancários e 11 eram jornalistas."

Entre os jornalistas citados no documento, está Vladimir Herzog, morto em uma prisão do regime militar em outubro de 1975. O crime foi mascarado pela ditadura como suicídio.

"Porque a criança, ela é assintomática. Você não vê criança internada por Covid."

A declaração é #FAKE. Veja por quê: Pelo menos 1.439 crianças de até 5 anos morreram por Covid-19 no Brasil entre 2020 e 2021, segundo levantamento feito pela Fiocruz com dados coletados no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. Os números indicam média de duas mortes por dia no país.

Ainda de acordo com a Fiocruz, a Covid-19 matou, em dois anos, três vezes mais crianças de 6 meses a 3 anos no Brasil do que outras 14 doenças somadas em uma década. Os pesquisadores se basearam na "Lista Brasileira de Mortes Evitáveis" para menores de 5 anos, que inclui 14 doenças cuja morte poderia ser evitada com a imunização

Embora a doença afete mais os adultos, crianças também podem apresentar formas sintomáticas graves, com necessidade de internação, conforme o observado durante toda a pandemia. Segundo dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, mais de 20 mil pessoas com idade até 19 anos foram hospitalizadas no país em 2021 com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e confirmação para Covid-19. Deste montante, 5.126 tinham idade de até um ano; 5.378 de 1 a 5 anos; e 9.396 entre 6 e 19 anos. Os valores podem ser maiores, uma vez que há registros altos de SRAG com causas não especificadas que podem estar relacionadas à Covid. Em 2022, os dados mais atualizados do boletim até junho apontam mais 11.453 internações de pessoas com idade até 19 anos.

Além disso, estudo da USP aponta registro de 1.466 casos de crianças e adolescentes que foram contaminados pelo coronavírus e desenvolveram sequelas cardiovasculares após a infecção.

"Agora, levando-se em conta o mundo todo, o Brasil é um país que menos sofreu com a pandemia."

A declaração é #FAKE. Veja por quê: Em 2020, primeiro ano da pandemia, o Brasil teve queda histórica dos últimos dez anos do Produto Interno Bruto (PIB), de 3,9%. Em 2021, mesmo com alta de 4,6%, o país caiu de 12o para 13o no ranking das maiores economias do mundo, segundo levantamento da agência de classificação de risco Austin Rating.

O desempenho do PIB brasileiro em 2021 ficou em 21o lugar dentro de um ranking com 34 países, ainda de acordo com a Austing Rating. O avanço da economia do Brasil foi menor que o de países como Colômbia (10,7%), China (8,1%), EUA (5,7%) e México (4,8%)

Os impactos no PIB também se refletiram no desemprego: a taxa chegou a 14,9% no primeiro trimestre de 2021 - quase 15 milhões de pessoas. Desde então, o indicador de desemprego caiu para 9,3%, mas ainda atinge 10,1 milhões de pessoas. A queda do indicador é puxada também pela informalidade, que atinge 40% dos trabalhadores do país.

O número de pessoas em insegurança alimentar no país, por sua vez, passou de 60 milhões, segundo relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), divulgado em julho de 2022. Os dados englobam o período de 2019 a 2021. Os últimos números da instituição revelam uma piora alarmante da fome no Brasil. Entre 2014 e 2016, a insegurança alimentar atingiu 37,5 milhões de pessoas.

Além dos impactos econômicos, o número de casos e mortes por Covid-19 mostram que a pandemia não foi branda no país em comparação com as demais nações.

O Brasil é o segundo colocado no mundo em número de óbitos pela doença. Com 680.239 registros de pessoas que perderam a vida, o país fica atrás apenas dos Estados Unidos, segundo o agregador de dados Our World in Data, ligado à Universidade de Oxford. Em número de mortes por milhão de habitantes, o Brasil é o 17o país, com 3.173 mortes/milhão.

Em número de casos, o Brasil fica em terceiro lugar, com pouco mais de 34 milhões de casos conhecidos registrados. Por milhão de habitantes, o Brasil é o 87o país com maior número de casos, com 158.803/milhão.

"Tiraram de mim o poder de conduzir essas medidas na pandemia."

A declaração é #FAKE. Veja por quê: Em janeiro de 2021, a Secretaria de Comunicação Social do Supremo Tribunal Federal (STF) esclareceu que não era verdade que a Corte proibiu o governo federal de agir no enfrentamento da Covid-19.

O STF explicou que, desde o início da pandemia, em 2020, União, estados, Distrito Federal e municípios têm competência concorrente na área da saúde pública para realizar ações de mitigação dos impactos do novo coronavírus. "Ou seja, conforme as decisões, é responsabilidade de todos os entes da federação adotarem medidas em benefício da população brasileira no que se refere à pandemia", afirmou.

O que o STF decidiu, portanto, foi que governos estaduais e municipais também teriam legitimidade, assim como o federal, para determinar regras de isolamento, quarentena, suspensão de aulas presenciais, restrição de transporte e trânsito em rodovias, além de definir quais atividades não poderiam ficar paralisadas devido à pandemia.

"Você pega uma reserva Yanomami. Qual o tamanho da reserva Yanomami? Duas vezes o tamanho do estado do Rio de Janeiro."

A declaração é #FATO. Veja por quê: O monitoramento Terras Indígenas no Brasil, do Instituto Socioambiental (ISA), mostra que a reserva indígena Yanomami tem 96.650 km². Segundo o IBGE, o estado do Rio de Janeiro ocupa uma área de 43.750,425 km². Ou seja, a reserva indígena possui uma área equivalente a mais que o dobro do tamanho do RJ (87.500,85 km²).

*Clara Velasco, Felipe Grandin, Débora Monserrat, Helton Setta, Larissa Calderari, Letícia Carvalho, Louise Queiroga, Marina Pinhoni, Patrícia Fiúza, Roney Domingos, Victor Farias e Wagner Vallim

Fato ou Fake - selo - Foto: Arte/G1

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