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Vazão do Cantareira cairá mais em setembro

OESP, Metrópole, p. E9
23 de Mai de 2015

Vazão do Cantareira cairá mais em setembro
Com fim de obra na Represa Billings, Agência Nacional de Águas e DAEE querem reduzir retirada de água do sistema em 26%

Fabio Leite - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Com o objetivo de evitar o colapso do Sistema Cantareira, sem colocar em xeque o abastecimento de água, os órgãos reguladores do manancial querem aumentar em 40% o volume máximo liberado para as cidades do interior, em junho, e reduzir em 26% o limite de retirada para a Grande São Paulo, a partir de setembro, quando a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) promete concluir a obra que vai ampliar a captação da Billings para diminuir a dependência do Cantareira.
A proposta conjunta da Agência Nacional de Águas (ANA), do governo federal, e do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), da gestão Geraldo Alckmin (PSDB), para a operação do sistema entre os meses de junho a novembro será definida na próxima segunda-feira em reunião com a Sabesp e com os Comitês das Bacias Hidrográficas do Alto Tietê e dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), em Campinas.
O objetivo é manter o limite de exploração do manancial pela Sabesp nos atuais 13,5 mil litros por segundo até o fim de agosto, para que a estatal termine a obra de transposição de 4 mil l/s do Sistema Rio Grande, braço limpo da Billings, para o Sistema Alto Tietê, que deve avançar mais sobre bairros atendidos pelo Cantareira. A proposta atende ao cronograma de ações emergenciais da Sabesp. A interligação dos dois sistemas está três meses atrasada.
Segundo a companhia, uma nova redução na retirada de água do Sistema Cantareira, imposta pela ANA e pelo DAEE, antes da conclusão da obra, poderia levar à implementação de um rodízio "drástico" de 5 dias sem água e 2 com na região atualmente coberta pelo manancial. Antes da crise hídrica, a Sabesp captava 31,9 mil l/s do sistema para abastecer 8,8 milhões de pessoas na Grande São Paulo. Hoje, a vazão é de 13,4 mil l/s para uma demanda de 5,4 milhões de moradores.
De acordo com a proposta, a retirada de água do Cantareira pela Sabesp ficaria limitada a 10 mil l/s até o fim de novembro, quando será possível avaliar o cenário hidrológico da próxima estação chuvosa, que terá início em outubro. Com isso, o Cantareira, que desde a inauguração, em 1974, era o maior sistema produtor de água da região metropolitana, passará a ser só a terceira fonte de abastecimento de água, atrás do Alto Tietê. Em fevereiro deste ano, ele já havia sido ultrapassado pelo Guarapiranga.
Interior. Já a vazão máxima liberada das represas que formam o sistema para os rios que abastecem cerca de 5,5 milhões de pessoas na região de Campinas deve subir 40% a partir do próximo mês, de 2,5 mil para 3,5 mil l/s. A regra para o interior também valerá até o fim de novembro e atende ao pedido de prefeitos e empresários da bacia do PCJ, uma região que praticamente não tem reservatórios e depende exclusivamente da vazão dos rios, que nesta época costuma despencar.
Neste mês, a vazão média liberada do Cantareira para o interior tem sido de 1,6 mil litros por segundo. Caso seja necessário chegar ao limite de 3,5 mil l/s, a retirada total de água do sistema (Grande São Paulo e interior) vai aumentar em pleno período mais seco, acelerando a queda no nível de armazenamento do sistema.
Nesta sexta-feira, 22, o Cantareira ficou estável em 19,7% da capacidade, segundo cálculo da Sabesp que considera as duas cotas do volume morto das represas. Na prática, porém, o sistema opera com índice de - 9,6%, abaixo do nível mínimo operacional e dentro da primeira parcela da reserva profunda, cuja exploração completou um ano, ao custo de R$ 120 milhões.
Segundo relatório divulgado nesta semana pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o nível do Cantareira pode cair até 5,7% no início de dezembro, se as chuvas ficarem 50% abaixo da média, como aconteceu em abril, e o volume de retirada for mantido no padrão atual. A Sabesp diz estar preparada para um cenário até 20% pior do que o registrado no ano passado, o mais seco em 84 anos de medições. Para isso, a companhia considera ainda uma terceira cota do volume morto do Cantareira, de 41 bilhões de litros, que poderá ser retirada por bombeamento. A meta da empresa, contudo, é não usá-la. Por isso, desde o início deste ano, intensificou o racionamento de água, por meio da redução da pressão e do fechamento manual da rede.

OESP, 23/05/2015, Metrópole, p. E9

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