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Vale suspende ajuda a índios invasores

O Globo, O País, p. 16
01 de Nov de 2006

Vale suspende ajuda a índios invasores
Prejuízo chegou a US$ 10 milhões com paralisação de mina em Carajás

Érica Ribeiro e Carolina Brígido

A Companhia Vale do Rio Doce suspendeu oficialmente, ontem, os termos de compromisso de ajuda financeira às comunidades Xikrin, que no último dia 17 invadiram as instalações da empresa em Carajás, no Pará. De acordo com a Vale, além de depredarem o patrimônio, os índios mantiveram funcionários da mineradora em cárcere privado. Foi aberto inquérito criminal e, nos próximos dias, a empresa entrará com ação contra os líderes da invasão, pedindo indenização pelos prejuízos. Nos dois dias de paralisação, deixaram de ser embarcadas 650 mil toneladas de minério de ferro, o que equivale a uma receita de US$ 10 milhões.

O diretor-executivo de assuntos corporativos da Vale, Tito Martins, disse ontem que a empresa não vai tolerar novas invasões. Segundo ele, o problema deixou de ser humanitário para se tornar um caso de polícia. Os índios, de acordo com Martins, ameaçaram fazer uma nova invasão. A Vale vai denunciar o caso à Organização dos Estados Americanos (OEA). Além disso, vai entrar na Justiça contra o delegado da Fumai no Pará, Raulien Oliveira, que teria culpado a Vale pelas invasões.

- Estamos cumprindo nosso papel e não vamos tolerar essa chantagem. A Vale não vai negociar com comunidades que utilizem meios ilegais para forçar a companhia a aceitar exigência.

As comunidades Xikrin, que reúnem 900 índios na região, recebiam uma ajuda financeira anual de R$ 9 milhões da Vale. A empresa informou que atende a cerca de 2.500 índios de seis comunidades em todo o país, por meio de acordos que chegam a R$ 25 milhões anuais. Martins afirmou que, caso ocorram outras invasões, a política será de suspender os acordos. Ele ressaltou, no entanto, que a Vale não está abandonando a questão indígena, mas espera políticas públicas claras para a questão. Em nota, a Vale afama que "é chegada a hora de o Estado definir e implementar políticas de apoio ao desenvolvimento sustentável das comunidades indígenas em todo o território".

Funai diz que índios estão prontos para diálogo
A Fundação Nacional do índio (Funai) também anunciou ontem que vai entrar com uma ação na Justiça para obrigar a Vale a manter o compromisso com os índios Xikrin. Na nota divulgada ontem, a Vale afirmou que estaria "disposta a manter seu apoio, direta ou indiretamente ao governo Federal, para implementar programas de desenvolvimento de comunidades indígenas", mas que não cederia a "chantagens".

Segundo o presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, índios estão prontos para o diálogo, mas a direção da Vale não voltou atrás quanto ao rompimento do termo de compromisso com a comunidade indígena.

Mércio Gomes sustenta que mais importante para os Xikrin não é o dinheiro, mas o maior engajamento da empresa questões sócio-ambientais região. A ação judicial será para cobrar essa iniciativa, e não os recursos financeiros suspensos à comunidade.

O Globo, 01/11/2006, O País, p. 16

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