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Vale oferece R$ 2 milhões de indenização a índios de Aracruz por cortar aldeias com ferrovia

Século Diário - http://seculodiario.com.br
Autor: Any Cometti
31 de Mar de 2014

Valor pleitado pelos índios e acordado anteriormente com a empresa totaliza R$ 19 milhões

Em reunião realizada nesta segunda-feira (31), a Vale apresentou uma contraproposta no valor de R$ 2 milhões de indenização às lideranças indígenas das aldeias de Comboios e Córrego do Ouro, em Aracruz, norte do Estado. Os índios realizam protestos há duas semanas, devido à recusa da mineradora em compensá-los pelo uso das terras há 30 anos, para passagem de sua ferrovia. O valor pleiteado pelos índios e acordado anteriormente com a empresa é de R$ 19 milhões.

Esse total tem como base o necessário para o desenvolvimento da agricultura tradicional, principal demanda dos índios para garantir a subsistência das aldeias. Sem apoio do poder público e com os impactos gerados por décadas pelos plantios de eucalipto da Aracruz Celulose (Fibria), as famílias indígenas enfrentam dificuldades. Também participaram do encontro inicial o Ministério Público Federal (MP) e a Fundação Nacional do Índio (Funai), em suas instâncias nacional e estadual.

Os índios recusaram a contraproposta da Vale e insistiram no valor inicial. Os representantes da empresa alegaram que precisam se reunir com a gerência da mineradora para avaliar a questão e disseram que essas reuniões acontecem somente às segundas-feiras. Por isso, uma nova reunião entre a mineradora e os índios foi marcada para a quarta-feira da próxima semana (9).

Ainda nesta noite, será feita uma reunião na aldeia de Comboios para que a comunidade indígena decida se os protestos na estrada de ferro serão retomados ou, ainda, se dará entrada definitiva na ação civil pública que exige o pagamento pela Vale. A ação está pronta mas, diante da abertura de diálogo por parte da mineradora, o processo ainda não foi ajuizado no Ministério Público Federal (MPF).

O pagamento da indenização deveria ter sido acordado com os índios em uma reunião que aconteceria no último dia 18 quando, ao invés disso, a Vale cancelou sua participação por um telefonema e enviou, por mensagem SMS, uma contraproposta de R$ 400 mil, valor irrelevante para o desenvolvimento do Plantar, projeto de agricultura tradicional desenvolvido pelos índios. Por conta disso, os índios optaram por fechar, em forma de protesto, a estrada de ferro da Vale, que corta as aldeias. Nesta terça-feira (1), a ocupação completa duas semanas.

O segundo cancelamento da participação da Vale em uma reunião com os índios aconteceu no dia 23 e foi comunicada pelos advogados da empresa ao procurador da República responsável pelo caso, Almir Sanches. Diante de mais uma ação desrespeitosa, os índios, que haviam desocupado a ferrovia diante da proposta de diálogo, retomaram a ocupação.

Durante os dias de ocupação, os índios acusaram a Vale de protelar a situação e ainda ameaçar usar força policial para retirá-los dos trilhos da ferrovia. A empresa também determinou sobrevoos de helicópteros nas terras demarcadas. Os índios reiteram que este é um protesto pacífico e, não à toa, cessaram as ocupações em todas as vezes que a mineradora demonstrou uma abertura de diálogo.

Na quinta-feira (27), a Vale enviou um mandado de reintegração de posse da ferrovia que corta as aldeias e propôs a reunião desta segunda. A proposta foi acatada pelos índios, que suspenderam os protestos até que os resultados da reunião sejam debatidos com as aldeias.

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