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Vale investe US$ 10 bilhões na abertura da maior mina do mundo

OESP, Economia, p. B20
26 de Out de 2007

Vale investe US$ 10 bilhões na abertura da maior mina do mundo
A Serra Sul, na região de Carajás, deve produzir 90 milhões de toneladas por ano, recorde para um novo projeto

Agnaldo Brito

A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) vai investir US$ 10 bilhões na abertura da maior jazida de minério de ferro do mundo, localizada em Carajás, no Pará. A mina Serra Sul será aberta até 2012, segundo previsão do plano de investimento anunciado pela companhia para os próximos cinco anos.

A meta é produzir 90 milhões de toneladas por ano - quase do mesmo tamanho da mina de Carajás que já está em operação. Será o primeiro projeto de minério de ferro já desenvolvido no mundo com estas dimensões. O recorde anterior era da própria Vale, com a abertura da mina de Brucutu, em Minas Gerais.

A mina Serra Sul é o principal projeto dos próximos cinco anos para a companhia. O investimento global da Vale no período será de US$ 59 bilhões e inclui, além da abertura da nova mina, a expansão da produção na parte norte de Carajás (que passará de 100 milhões para 130 milhões de toneladas por ano) e o crescimento da produção em Maquiné-Baú, projeto do Sistema Sudeste, em Minas Gerais. A meta da companhia é produzir 450 milhões de toneladas de minério de ferro até 2012, 150 milhões a mais do que a atual capacidade entre os projetos do Pará e Minas Gerais.

O desenvolvimento de Serra Sul implicará na duplicação da Estrada de Ferro Carajás (EFC), com a construção de 546 quilômetros de linha férrea, mais um ramal de 104 quilômetros que interligará a estrada de ferro à mina. O Terminal Marítimo Ponta da Madeira, no Maranhão, também terá de ser ampliado. O investimento de US$ 10 bilhões inclui a construção do quarto berço de atracação de embarcações. Serão necessários ainda equipamentos auxiliares de transporte e transbordo do minério dos vagões.

Com uma capacidade de produção de 100 milhões de toneladas por ano, a EFC opera hoje com 12,6 composições de mais de 210 vagões por dia. Com a Serra Sul, este volume terá de dobrar.

'É o maior projeto de minério de ferro já aberto na história e o grande desafio da Vale não é financeiro. É conseguir, num prazo de cinco anos, encontrar recursos materiais e humanos para tocar um empreendimento desse porte', afirma Felipe Reis, analista de mineração e siderurgia do Santander.

Para o analista, o novo plano de investimento é o mais forte indicador de confiança na manutenção do superciclo da mineração, sustentado desde o início da década pela forte demanda da China. 'A Vale diz agora ao mercado que a demanda da China se sustentará ao longo dos próximos anos e, por isso, decidiu partir para o desenvolvimento de um projeto do zero', afirma.

Raphael Biderman, analista do setor de mineração e siderurgia do Bradesco, acredita que, além de confiar na manutenção da demanda por ferro, a companhia está preocupada com o surgimento de pequenas mineradoras ao redor do mundo.

'No último ano, surgiram entre 10 e 11 'MMX' no mundo. Esses grupos produzirão pelo menos 300 milhões de toneladas de minério de ferro', afirma. A MMX é a mineradora do empresário Eike Batista, que vendeu ações no mercado para abrir pequenas minas de ferro de olho nos bons preços do minério.

Esses bons preços - e as expectativas de que melhorem ainda mais - estão na base da decisão da Vale. O plano de investimento de US$ 59 bilhões poderá ser bancado apenas com a geração de caixa. Segundo Reis, do Santander, a geração de caixa da Vale neste ano ficará próxima a US$ 18,1 bilhões. Em 2008, a previsão é que alcance US$ 21,2 bilhões. Sobra dinheiro para a Vale fazer o que quiser.

Lucro da empresa no ano cresce 55% e já chega a R$ 15,6 bilhões
Irany Tereza
A Vale do Rio Doce anunciou ontem ter registrado um lucro líquido de R$ 4,7 bilhões no terceiro trimestre, um crescimento de 17,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar de positivo, o número interrompe a série de recordes trimestrais históricos registrada no primeiro e no segundo trimestre do ano: o número do terceiro trimestre ficou cerca de 20% abaixo do registrado no segundo trimestre. A receita bruta do período foi de R$ 16 bilhões, um aumento de 37,8% na comparação com o mesmo período do ano passado.

No acumulado do ano, o lucro líquido da Vale chega a R$ 15,6 bilhões, resultado 55% superior ao do mesmo período de 2006. A receita bruta acumulada de janeiro a setembro é de R$ 50,9 bilhões, 69,2% maior que a registrada no ano passado.

No documento de apresentação do resultado, a mineradora diz ter apresentado um sólido desempenho no trimestre, 'diante de um cenário de desvalorização do dólar americano frente ao real e ao dólar canadense, o que afetou negativamente os custos'. Também chamou a atenção sobre os 'preços mais moderados' do níquel, 'que contribuíram de maneira desfavorável para a evolução da receita'.

Cerca de 80% das receitas da Vale vêm das exportações, por isso a empresa é bastante sensível à variação do dólar. No último trimestre do ano passado, a empresa comprou, por cerca de US$ 18 bilhões, a produtora canadense de níquel Inco. De uma só tacada, passou à segunda posição mundial na produção do minério e mudou o seu mix de vendas, antes concentrado especificamente em minério de ferro e pelotas. No segundo trimestre, o acelerado aumento internacional nos preços do níquel contribuiu positivamente para o resultado consolidado da Vale. No terceiro, com preços menos galopantes, a contribuição não foi tão substancial.

Apesar do lucro menor em relação ao trimestre anterior, as vendas continuam crescendo. No terceiro trimestre, as vendas de minério de ferro foram ainda recordes, com 77 milhões de toneladas. As exportações, contudo, que alcançaram no período imediatamente anterior o marco histórico de US$ 3,9 bilhões - como classificou a própria companhia no balanço do período passado -, deram um passo atrás, com saldo de US$ 2,9 bilhões.

OESP, 26/10/2007, Economia, p. B20

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