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Vale está otimista com retomada da Samarco

Valor Econômico, Empresas, p. B2
26 de Out de 2018

Vale está otimista com retomada da Samarco
Expectativa é, com acordos feitos, voltar a produzir em 2020

Francisco Góes e Rafael Rosas

O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, reafirmou ontem a expectativa de que a Samarco possa voltar a operar no começo de 2020. O otimismo com a retomada das operações se explica pelos acordos firmados com a justiça pela companhia e suas controladoras - Vale e BHP Billiton - e também pela licença obtida para a construção da barragem de Alegria Sul, essencial para permitir a volta das atividades. Em 5 de novembro, completam-se três anos do
rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), que matou 19 pessoas e causou um dos maiores desastres ambientais da história do país.
Schvartsman disse que até o fim do ano a empresa deve pleitear a licença de operação que, se concedida, permitirá o início do funcionamento da Samarco no começo de 2020. A empresa deverá voltar com cerca de um terço de sua capacidade original, que era de 30 milhões de toneladas de pelotas de minério de ferro por ano. Schvartsman falou sobre Samarco ao comentar os resultados da Vale no 30 trimestre, quando a empresa teve lucro de R$ 5,7 bilhões, 20% abaixo de igual período do ano passado.
A queda do lucro foi motivada pelo efeito contábil negativo, não-caixa, resultante da desvalorização do real frente ao dólar no período. Essa depreciação reduziu o lucro em R$ 2,7 bilhões. A Vale entendeque a melhor métrica para medir o seu resultado final é o lucro líquido recorrente, que exclui o impacto da variação cambial. Por esse conceito, o lucro da companhia foi de R$ 8,3 bilhões de julho a setembro, 25% maior do que em igual período de 2017.
Do ponto de vista operacional, a Vale registrou um resultado forte. Obteve lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 17,4 bilhões, 31% acima do mesmo período de 2017. Na teleconferência, Schvartsman disse que novas aquisições "se e quando ocorrerem" serão pequenas, de alto retorno, e que terão relação direta com os ativos que a Vale possui. O diretor-executivo de finanças, Luciano Siani Pires, disse que a política de desinvestimentos não deve resultar, por outra parte, em valores relevantes. Além disso, as participações que a Vale têm ainda por vender envolvem sócios e, portanto, os negócios devem demoram para serem concluídos.
Siani afirmou ainda que a companhia estuda fazer com o "bunker" (combustível de navegação) processo de proteção contra variações de preços semelhante ao feito na energia elétrica e no aluguel de navios. Ele não entrou em detalhes, e explicou que a ideia ainda está sendo discutida na empresa, e seria apenas para aplicação a médio ou longo prazos.
Schvartsman falou ainda sobre o faturo da produtora de níquel Vale Nova Caledónia (VNC). A Vale busca alternativas para vender fatia da empresa para um sócio, mas por enquanto não há decisão. É possível que a Vale possa anunciar alguma novidade em relação à VNC, em dezembro, no encontro com investidores em Nova York. A VNC tem dado perdas consecutivas para a Vale. No terceiro trimestre, o Ebitda da VNC foi negativo em US$ 42 milhões. No minério de ferro, a Vale registrou, pela primeira vez, um preço realizado superior ao preço de referência do mercado. O preço realizado ficou em US$ 67 por tonelada. O objetivo da Vale é fazer com que os preços realizados sejam cada vez maiores pois é a partir dessa realização que a empresa garante geração de caixa e Ebitda para pagar dividendos agressivos aos acionistas. O resultado de julho a setembro garantiu US$ 1,14 bilhão em dividendos.

Valor Econômico, 26/10/2018, Empresas, p. B2

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