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Vale amplia produção para além do tradicional minério de ferro

O Globo, Economia, p. 36
15 de Abr de 2012

Vale amplia produção para além do tradicional minério de ferro
Níquel, cobre, carvão e fertilizantes ganham peso nos investimentos da empresa

Henrique Gomes Batista
henrique.batista@oglobo.com.br

Ao mesmo tempo em que os solavancos da China afetam o preço do minério de ferro e, consequentemente, a Vale, a mineradora diversifica sua produção. Negócios em níquel, cobre, carvão e fertilizantes começam a ampliar o escopo de atuação - e de clientes - da empresa, maior produtora de minério de ferro do mundo. Essa realidade, impensável há cinco anos, é traduzida em seus investimentos: dos 20 maiores projetos da empresa até 2016, apenas nove são de minério de ferro. Embora tenha representado 72,7% do faturamento da empresa em 2011, o minério de ferro deverá receber apenas 46,7% dos US$ 21,4 bilhões de investimentos programados para este ano.
Enquanto isso, o carvão, que gerou 1,8% da receita da empresa, abocanhará 8,9% dos investimentos. A área de fertilizantes, que gerou 5,9% do caixa da Vale no ano passado, receberá 9,6% dos investimentos. Novas frentes, como terras-raras, começam a entrar no radar da Vale. Para analistas, essa diversificação pode dar mais segurança e reduzir a dependência da empresa em relação à China, que representa um terço de seu faturamento.
Iniciada em 2006, a diversificação começa a dar resultados somente agora. Alguns investimentos, ampliados com a aquisição da canadense Inco, estão entrando em operação.
Luciano Siani, diretor de estratégia da Vale, afirma, contudo, que não se pode dizer que esses minérios vão ganhar participação relativa no faturamento da empresa.
- A Vale também tem grandes projetos em minério de ferro. Então, olhar pelo lado de participação não é a melhor maneira. O importante é ver que o negócio está crescendo, nossa geração de caixa está ampliando - afirmou o executivo, lembrando projetos como o Serra Sul, que pode acrescentar mais 90 milhões de toneladas de minério de ferro por ano a Carajás, praticamente dobrando a produção atual, de cerca de 100 milhões de toneladas/ano.

Empresa quer liderança em novos segmentos
Brasil pode ficar perto da autossuficiência em cobre, diz executivo

Os novos investimentos da Vale são relativamente recentes. Há dez anos, a empresa era praticamente focada em minério de ferro. Em 2004, a companhia iniciou sua operação com cobre. Em 2006, entrou de vez no níquel com a compra da Inco. E, em 2007, iniciou os projetos de carvão. Mas agora a Vale espera alcançar a liderança na produção de níquel, além de ficar entre os cinco maiores produtores de potássio e carvão metalúrgico e no top ten do cobre.
- A Vale, por seu peso no minério de ferro, busca posições relevantes nestes segmentos. Não faz sentido ficar em um mercado e não ser importante nele - disse Luciano Siani, diretor de estratégia da Vale.
O projeto Salobo, em Marabá, que começou a operar em 2012, deve gerar até 100 mil toneladas de cobre por ano.
- Talvez fiquemos próximos da autossuficiência de cobre. Mas será como ocorre no petróleo, poderemos exportar parte e continuar importando cobre, mas o balanço ficará mais equilibrado - disse Siani.
A Vale produziu, em 2011, 242 mil toneladas de níquel:
- Nesse minério, temos uma certa segurança de que vamos atingir a liderança mundial, embora ainda não possamos precisar quando, se este ano ou no ano que vem. Temos dois grandes projetos, o Onça Puma, no Pará, e o de Nova Caledônia, que já estão prontos, e estamos ampliando a produção - afirmou, lembrando que cada projeto deve gerar 60 mil toneladas, ou 4% da produção mundial.
Fertilizantes reduzem vulnerabilidade da Vale
Fruto de parcerias com a Petrobras no Brasil e de grandes investimentos na Argentina, a área de fertilizantes também deve crescer em importância. Para o executivo, isso traz benefícios para o Brasil e reduz a vulnerabilidade da empresa:
- O Brasil é uma potência agrícola, mas 90% do potássio são importados. O Projeto Rio Colorado, na Argentina, é estratégico, pois visa a atender ao Brasil. E, para nós, os investimentos em fertilizantes são muito importantes, pois nos dão exposição a outros mercados, que não a China. Mesmo quando há oscilações na economia mundial, que afeta o minério de ferro, as pessoas continuam comendo, tornando a demanda por fertilizantes mais estável.
Energia e logística também crescem. E a Vale também poderá vir a extrair terras-raras:
- Hoje a empresa começa a pesquisar tecnologias para tornar essa operação economicamente viável, como titânio.
O diretor não descarta aquisições, se forem boas oportunidades. Alexandre Rangel, diretor Executivo da Ernst & Young Terco, afirma que são esperadas novas fusões e aquisições:
- A busca por minérios menos tradicionais deve ser o motor desse negócio. (Henrique Gomes Batista).

O Globo, 15/04/2012, Economia, p. 36

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