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Vale amplia investimento em geração de energia

OESP, Economia, p. B3
25 de Jun de 2009

Vale amplia investimento em geração de energia
Mineradora absorve, sozinha, 4,5% de toda a energia elétrica do País

Mônica Ciarelli e Kelly Lima

O diretor executivo de Finanças da Vale, Fábio Barbosa, reafirmou ontem que o interesse da empresa nos investimentos em energia é o consumo próprio. Sozinha, a mineradora brasileira absorve 4,5% de toda a energia elétrica produzida no País. "Nós temos investido sistematicamente em gás para o nosso autoconsumo. É essa nossa visão. Estamos investindo também em usinas hidrelétricas", disse o executivo.

O interesse em garantir o fornecimento de energia pode justificar a parceria que a empresa deve anunciar amanhã com a Petrobrás para exploração e desenvolvimento do bloco de petróleo BM-ES-22 , no norte da Bacia do Espírito Santo.

Se confirmado o acordo, a Vale passaria a ter em seu portfólio participações minoritárias em 17 concessões nas bacias do Espírito Santo, Pará-Maranhão, Parnaíba e Santos.

Mas a primeira investida da mineradora brasileira no segmento de energia foi por meio de investimentos em hidrelétricas. A empresa tem em operação atualmente sete usinas em Minas Gerais: Igarapava, Porto Estrela, Funil, Candonga, Aimorés, Capim Branco I e Capim Branco II.

Juntas, essas hidrelétricas têm capacidade para produzir 1.422 megawatts. Além dessas, a Vale vem preparando a entrada em operação da usina de Estreito, no Tocantins, que terá capacidade para 1.087 MW. Também estão programados investimentos nas hidrelétricas Karabbe, na Indonésia, e Barcarena, no Pará.

As investidas da mineradora brasileira no segmento de energia incluem ainda o projeto de carvão em Moatize (em Moçambique, África), e investimentos em biodiesel na Região Norte do Brasil. Atualmente, a companhia gasta US$ 2,5 bilhões em insumos energéticos por ano, dos quais US$ 700 milhões para adquirir 1 bilhão de litros de diesel. Metade desse volume é destinada à Região Norte, num total de 216 locomotivas.

O chefe do Departamento de Análise da Brascan Corretora, Rodrigo Ferraz, não enxerga nos movimentos da Vale em energia um interesse da companhia em ganhar dinheiro nesse segmento. "Ela está olhando muito mais para custo do que receita", afirmou. Segundo ele, a companhia vem sinalizando a intenção de reduzir custos em suas atividades.

Com uma produção própria, a Vale diminuiu sua exposição à volatilidade dos preços da energia no País. Hoje, a Vale gasta US$ 2,5 bilhões em insumos energéticos, dos quais US$ 700 milhões para adquirir um bilhão de litros de diesel. Ontem, detalhou investimentos programados na produção de biodiesel (leia mais abaixo).

Até 2022, o consórcio da companhia com a Biopalma da Amazônia para produzir óleo de palma (matéria-prima para o biodiesel) contará com seis polos e seis usinas, com capacidade de 36 megawatts de cogeração de energia nas seis usinas; e produção de cerca de 500 mil toneladas de óleo de palma.

Empresa vê economia de US$ 150 mi com biodiesel

Reuters

A Vale espera economizar US$ 150 milhões por ano com a utilização de biodiesel em suas locomotivas do Sistema Norte e nos equipamentos de grande porte da mina de Carajás. A informação foi dada ontem pelo diretor-executivo da área de Logística, Gestão de Projetos e Sustentabilidade, Eduardo Bartolomeo.

Um dia após anunciar parceira com a Biopalma da Amazônia para produzir biodiesel do óleo de palma, a empresa reafirmou sua intenção de apostar em novas formas de energia e já testa no Sistema Sul a utilização de gás natural associado a diesel em suas locomotivas.

"Vencemos a barreira da armazenagem e os testes estão sendo um sucesso. Em 2011, estaremos aptos para adaptação e conversão das máquinas", diz Bartolomeo, informando que já existe uma locomotiva flex na ferrovia Vitória-Minas, com diesel e gás natural. Na fase de testes, a concentração do gás varia entre 50% e 70% do combustível utilizado pelo trem, informou a companhia em um comunicado antes da entrevista.

Segundo Bartolomeo, os testes terminam entre o fim de 2009 e meados de 2010, e a conversão das 350 locomotivas que trafegam na ferrovia que atende o Sistema Sul (Minas Gerais) será feita em 2011. Com o início da operação, a Vale vai deixar de emitir 73 mil toneladas de CO2 equivalente na atmosfera.

A diretora de Energia da Vale, Vânia Somavilla, nega que a empresa vá utilizar o gás natural que está buscando no litoral brasileiro. "A exploração está em fase inicial...(o uso do gás descoberto pela Vale) vai depender da determinação do volume para ver se vai ser possível explorar comercialmente", disse Vânia. Segundo os executivos, a empresa pretende pesquisar outras formas de energia, inclusive solar e eólica, esta já em fase de estudos.

OESP, 25/06/2009, Economia, p. B3

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