GM, Rede Gazeta do Brasil, p.B3
05 de Out de 2004
Vale ajuda a reciclar lixo, gerar empregos e renda
Material descartado por unidades da mineradora é transformado em sandálias, vassouras, garrafas pet e adubo. Há alguns anos, João Batista dos Santos era um dos muitos catadores de um lixão que funcionava em condições subumanas na periferia da Vila dos Cabanos, bairro em que também reside a maioria dos empregados de duas indústrias ligadas à Companhia Vale do Rio Doce - a unidade de produção de alumina da Alunorte e a de produção de alumínio da Albras, instaladas no município de Barcarena (30 quilômetros de Belém).
Desempregado, João buscava no lixo dessa potência mineral e de seus empregados a sobrevivência para ele e sua família, num município ligado a um dos fatos mais marcantes da história paraense, a Cabanagem, que entre 1835 e 1836 foi uma das mais violentas revoltas populares contra o domínio do Iimpério português. Barcarena hoje com cerca de 70 mil habitantes, segundo os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Atualmente, João faz parte de um dos mais importantes trabalhos de responsabilidade social do País, executado na região pelas unidades do ciclo de alumínio da Vale. Só a Albras aplica em torno de US$ 1 milhão por ano em vários projetos nessa área. "A principal característica de nossos programas sociais é a visibilidade deles. Você vê nossas atividades, pode constatar os resultados e as oportunidades de trabalho que elas proporcionam", afirma Paulo Ivan Campos, gerente de relações externas da Albras.
As duas unidades integram o ciclo de produção de alumínio da Vale no Pará, formado ainda pela extração de bauxita no rio Trombetas pela Mineração Rio do Norte. Em breve passará a fazer parte desse ciclo o projeto de exploração de bauxita da Vale em Paragominas, que vai produzir 9 milhões de toneladas anuais a partir de 2007.
Parte dessa bauxita também vai abastecer a nova refinaria de alumina que a Vale implantará em Barcarena, numa associação com a Aluminium Corporation of China (Chalco). A Alunorte está sendo ampliada para produzir, no primeiro semestre de 2006, 4,2 milhões de toneladas anuais, transformando-se na maior refinaria de alumina do mundo. Ao seu lado, a Albras produz 430 mil toneladas de alumínio primário por ano e, só de energia, consome mais do que toda a cidade de Belém.
São investimentos em pavimentação de estradas e cidades, construção de pontes, implantação de estações para tratamento de água e de esgotos, programas culturais ambientais, de educação e de lazer, preservação do meio ambiente. Seus empregados ajudam as comunidades vizinhas a conquistarem melhores condições de vida, com projetos de educação e treinamento à criação de equipamentos de trabalho.
Reciclagem
Um dos mais importantes trabalhos da Albras nesse sentido é o das unidades de reciclagem e compostagem de lixo. Como muitas cidades brasileiras, a Vila dos Cabanos tinha um crônico problema de tratamento de lixo urbano, depositado no "lixão".
Incomodada com essa situação, a direção da Albras liderou a formação de uma parceria com a prefeitura de Barcarena e a Cooperativa de Serviços Agro-Florestais e Industriais (Coopsai) e implantou a primeira Unidade de Reciclagem e Compostagem de Lixo Urbano, tendo como base uma tecnologia de baixo custo desenvolvida pela Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU).
O presidente da Coopsai, o administrador de empresas Antônio Carlos Leão, explica que é um sistema simplificado para a reciclagem de resíduos sólidos urbanos, que inclui um programa de orientação à população para a coleta seletiva. O lixo coletado, em torno de 20 toneladas por dia, passa por um processo de triagem, quando é separado o material reciclável, como plásticos, vidros, alumínio, papel e papelão, que segue para ser transformado em alguns produtos, como vassouras de garrafas pet.
Geração de empregos
Já o resíduo orgânico fica no pátio de compostagem, onde é armazenado em leiras para maturar. O produto obtido é utilizado como fertilizante, principalmente na agricultura familiar num cinturão verde em volta dos empreendimentos da Vale na região.
O projeto de reciclagem do lixo gerou emprego para 230 pessoas, associadas à Coopsai, além de beneficiar indiretamente outras 1.350. João é um dos associados da Coopsai, com uma renda mensal de no mínimo R$ 280, que aumenta com a produção familiar que ele tem de caixas para presente e sacolas, com sobra de papelão. Com esse trabalho ele chega a faturar mais uns R$ 350 mensais. Além disso, ele conseguiu se alfabetizar num curso instalado na sede da cooperativa e hoje está cursando o supletivo. E como os demais associados, tem vários benefícios, como transporte, um fundo para pagamento de um 13o salário, férias e restaurante.
Outro serviço é o ensino do uso do computador, numa parceria com o Comitê de Democratização da Informática (CDI). Todo ano, a Albras destina às várias escolas de informática nos municípios no entorno de sua fábrica as máquinas descartadas de sua unidade de produção.
Recursos
Para obter os recursos necessários ao financiamento desse empreendimento, a Albras foi explorar o S do BNDES. Quando o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social fechou o acordo para financiar a ampliação da capacidade de produção da fábrica de alumínio da Vale, ficou acertado que cerca de US$ 1 milhão seria destinado para financiar, além da unidade de reciclagem e compostagem de lixo de Vila do Conde, as da sede do município de Barcarena e dos municípios vizinhos de Moju, Abaetetuba, Igarapé-Miri e Cametá. Ao todos, são 200 mil moradores que participam desse trabalho.
O trabalho mais visível dessa reciclagem de lixo são as duas fábricas instaladas na sede da Coopsai, na Vila dos Cabanos, uma de brinquedos pedagógicos, utilizando embalagens de madeira, e outra de calçados. Foi a maneira mais prática que o pessoal da Albras encontrou para reutilizar dois materiais existentes em abundância nas operações da Vale no estado.
A borracha das correias transportadoras de minérios é usada como solado de chinelos e sandálias. Estão sendo produzidos 5 mil pares de chinelos por mês, mas a unidade já está em expansão para chegar a 10 mil chinelos e 2.500 sandálias de couro. Esses calçados estão inclusive sendo comercializados com grifes.
GM, 05/10/2004, p. 13
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