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Usina de Belo Monte perde força

Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ)
Autor: MONTEIRO, Ricardo Rego
04 de Abr de 2003

'Itaipu amazônica' está praticamente descartada pelo governo, que prefere complexo no Rio Madeira

Pelo menos uma boa parcela do governo já praticamente descartou o projeto da usina hidrelétrica de Belo Monte, que nunca saiu do papel embora já tivesse até ganhado o apelido de ''Itaipu amazônica''. Com a idealização de um projeto para um complexo de usinas no Rio de Madeira (RO), inicialmente previsto para 7 mil megawatts de potência, mas com possibilidade de tornar-se um mega-empreendimento binacional de 13 mil MW, setores da Eletrobrás já perceberam a incompatibilidade ambiental dos dois empreendimentos.
O presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa, é um dos que defendem, no governo, a opção pelo complexo do Rio Madeira, que prevê inicialmente a construção das usinas de Girau e Santo Antonio. Segundo suas próprias palavras, ''o empreendimento tem a cara do Eliezer Batista'', o ex-ministro e ex-presidente da Vale do Rio Doce que é conhecido pela especialização em projetos de desenvolvimento estratégico.

A decisão entre um e outro projeto sairá de uma discussão democrática, segundo o próprio Pinguelli, por meio de um seminário que será promovido, nos próximos meses, em Brasília. Do evento, que contará não só com representantes do Ministério de Minas e Energia, como também da Eletrobrás, serão colhidas contribuições da iniciativa privada e da sociedade civil - como órgãos ambientais e de defesa dos atingidos pelas barragens.

Os dois projetos, segundo Pinguelli informou a interlocutores, teriam impacto ambiental para a Região Norte do Brasil. A diferença entre eles diz respeito não só ao benefício para o sistema interligado, como também para a economia do país como um todo. O projeto do Rio Madeira traria benefícios econômicos e, principalmente, estratégicos para o Brasil. Além de um complexo de usinas, o empreendimento prevê a navegabilidade do Rio Madeira em um trecho hoje inviável, próximo ao Peru.

O projeto também prevê a abertura de um acesso à Bolívia para o Oceano Atlântico. Na prática, cresce entre os defensores do complexo do Rio Madeira a percepção de que ele representaria um grande trunfo na disputa com o governo boliviano pela redução do preço do gás natural importado daquele país.

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