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UPATAKON 3 - PF prende homem suspeito de colocar prego em pontes e estradas no Surumu

Folha de Boa Vista
Autor: Andrezza Trajano
31 de Mar de 2008

Enquanto os policiais federais envolvidos na Operação Upatakon 3 realizavam levantamentos em fazendas inseridas na terra indígena Raposa Serra do Sol, no sábado, um funcionário de um rizicultor teria colocado pregos em pontes e estradas, com o objetivo de sabotar o trabalho policial. A informação foi repassada ontem, pela Polícia Federal. O homem foi preso.

De acordo com os policiais federais, eles estavam realizando um trabalho de vistoria de rotina nas fazendas, quando os policiais que se deslocavam em seis veículos avistaram na estrada pregos de forma retorcida, com quatro pontas, chamados de "ouriço". "Esses pregos foram colocados de forma proposital, para causar acidente, não temos a menor dúvida disso", afirmou um policial.

Outro agente explicou que os pregos foram jogados na entrada, em cima e na saída de três pontes consecutivas, que dividem fazendas de arroz. "Essas pontes têm entre três e quatro metros de altura. Se não estivéssemos atentos, poderia ter acontecido uma tragédia. Por pouco um dos carros não colidiu na traseira de outro", contou.

Devido à forma como os pregos foram jogados - no primeiro momento estavam no final da ponte, depois no meio de outra e por último, no início da ponte - os policiais federais deduziram que eles estavam sendo vistos por alguém e que essa pessoa estaria de moto, pela agilidade com a qual enchia o caminho com os pregos. Também foi encontrada próximo a uma das pontes uma garrafa de refrigerante, o que confirmava que alguém estivera ali há pouco tempo.

Ao perceberem isso, os agentes aceleraram os carros e encontraram depois da última ponte uma moto estacionada em frente à Fazenda Canadá, de propriedade do arrozeiro Luiz Faccio. Quando os policiais desceram dos veículos, encontraram um homem próximo ao portão, já dentro da propriedade.

Os policiais disseram que a moto ainda estava com o tanque quente e questionaram se aquele moto pertencia ao rapaz. Ele teria negado. Os policiais teriam então perguntado quem era seu patrão e ele teria dito que não sabia. Questionado sobre o que ele estaria fazendo naquela fazenda, ele teria respondido aos policiais que trabalhava lá.

"Então dissemos para ele sair e ele teve que pular o portão porque não tinha a chave. Quando colocamos a mão no bolso dele, encontramos a chave da moto. E no cantinho do portão, encontramos uma garrafa com sete pregos iguais aos que estavam nas pontes e na estrada, além de encontrarmos com ele dois rádios-comunicadores", explicou o policial, dizendo que pelos desencontros das declarações prestadas pelo rapaz, "não haveria dúvida de que era ele quem estava colocando os pregos no caminho". A moto, os pregos e os rádios foram apreendidos.

O homem, que posteriormente foi identificado como Maikon Roberto de Souza da Silva, foi preso sob a acusação de tentativa de dano ao patrimônio público e resistência a prisão, já que de acordo com os federais, ele ainda teria tentado fugir.

Maikon foi trazido para a sede da Polícia Federal, onde foi realizado o auto de prisão em fragrante. Depois de realizar exame de corpo delito e pagar uma fiança, Maikon foi liberado. Os agentes prestaram as informações com exclusividade para a Folha, mas pediram para manter seus nomes em sigilo.

Rizicultores dizem que prisão de Maikon foi "arbitrária"

Os rizicultores Paulo César Quartiero e Luiz Afonso Faccio negaram todas as informações prestadas pela Polícia Federal. Os rizicultores disseram que a prisão do funcionário Maikon Roberto de Souza da Silva foi uma atitude arbitrária da Polícia Federal.

Luiz Faccio assumiu que Maikon é seu funcionário. Ele disse que o rapaz estava trabalhando quando os policiais invadiram a Fazenda Canadá, passando pela lateral da cerca, prendendo seu funcionário e apreendendo uma moto e os rádios-comunicadores. Os policiais também teriam batido em seu funcionário sem motivo e colocado um prego na boca dele.

O advogado de Faccio, Luiz Fernando Menegais, que foi chamado para defender Maikon, disse que aconselhou Faccio a levar seu funcionário ao Ministério Público Federal para denunciar abuso de autoridade. "Foi um absurdo o que a PF fez, o crime foi praticamente nenhum. O rapaz estava apenas trabalhando na portaria da fazenda, realizando o controle de quem pode ou não entrar", afirmou.

Manifestamente bloqueiam BR-174 na ponte do Cauamé

Uma manifestação realizada na noite de ontem, por aproximadamente 25 pessoas, bloqueou a BR-174, em cima da ponte sobre o rio Cauamé, por mais de duas horas. Os manifestantes bloquearam a rodovia com palhas de arroz, entulhos e pneus velhos e depois tocaram fogo. As chamas foram vistas à distância. Foi necessária a presença das polícias Rodoviária Federal e Militar e do Corpo de Bombeiros para pôr fim ao protesto.

De acordo com a Polícia Rodoviária (PRF), a barreira gerou um congestionamento de mais de um quilômetro em cada via da pista. Os manifestantes reivindicavam infra-estrutura. Eles afirmavam que os moradores do bairro Brigadeiro e de uma invasão próxima à Base Aérea estariam sem energia e sem emprego.

Portando cartazes, os manifestantes também pediam que a Polícia Federal não retirasse os arrozeiros da Raposa Serra do Sol. Segundo a PRF, ninguém assumiu a liderança do movimento. Eles portavam cartazes com palavras de ordem como "Roraima precisa de liberdade".

A rodovia foi fechada às 19h15 e só foi liberada às 21h, de forma pacífica pelos próprios manifestantes. No entanto, até o fechamento desta edição, às 22h30, a PRF ainda trabalhava no local controlando o trânsito e aguardando a retirada total dos entulhos.

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