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Uma volta às origens na cozinha

OESP, Especial, Vida, p. H7
17 de Abr de 2009

Uma volta às origens na cozinha
Movimento slow food mostra que comida pode ser saborosa e sustentável

Andrea Vialli

SÃO PAULO - A tendência do slow food na gastronomia aos poucos começa a ficar conhecida no Brasil. O movimento, que surgiu na Itália ainda na década de 1980 com o objetivo de fazer oposição ao fast food e à comida industrializada, além de resgatar o prazer de comer bem e sem pressa, também começa a seduzir por seu apelo sustentável.

Entre os preceitos do movimento, hoje já presente em 150 países, estão o resgate dos alimentos frescos, de preferência orgânicos, livres de pesticidas e hormônios. Ele preconiza também o respeito à sazonalidade do alimento: consumir morango em época de morango, por exemplo. E a valorização da culinária e dos ingredientes regionais. Na prática, cozinhar com o que se tem localmente, não apenas com ingredientes que viajam quilômetros para chegar à mesa e assim geram emissões de CO2 na atmosfera. Uma espécie de "desglobalização" da gastronomia.

"O slow food é uma volta às origens, quando comíamos os alimentos na época certa, o frescor era valorizado e não havia um universo de produtos químicos para dar sabor à comida", afirma a chef Anayde Lima, que comanda o Julia Gastronomia, restaurante que abraçou a causa slow food e é um dos seguidores do movimento na capital paulista.

A jornada rumo a uma alimentação mais sustentável começou em casa. Anayde sempre procurou cozinhar buscando ingredientes cultivados sob os princípios da agricultura biodinâmica. No ramo da gastronomia há 15 anos, sentia-se impotente por não conseguir aplicar esses princípios aos negócios culinários. "Com a chegada do movimento slow food ao Brasil, ficou mais fácil. A oferta de orgânicos também cresceu muito", diz.

Quando abriu o Julia Gastronomia, há um ano, Anayde tentou cozinhar só com orgânicos, mas não encontrou muitos fornecedores. Hoje , são os produtores que batem à porta do restaurante para oferecer os ingredientes. "Muitos vêm diretamente da roça e trazem mel, pupunha, brotos. Eles sabem que temos essa filosofia por meio do boca a boca", diz.

Assim, a chef coloca em prática outro princípio do slow food: valorizar o trabalho dos pequenos produtores e da agricultura familiar. E dar de ombros à grande indústria alimentícia, que soma produtos químicos e subtrai a vitalidade dos alimentos. "Estamos totalmente na contramão."

A filosofia caiu no gosto dos clientes. "Muitas pessoas buscavam alimentos industrializados por comodismo e agora estão percebendo as vantagens de comer de uma forma mais integrada com a natureza."

OESP, 17/04/2009, Especial, Vida, p. H7

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