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Uma ajuda para o pulmão do mundo

O Globo, Razão Social, p. 10
05 de Mai de 2008

Uma ajuda para o pulmão do mundo
Marriott assina acordo com Amazonas para programa em reserva

Por Osvaldo Soares

Não importa em que ponto do planeta tenha sido feito o check-in, em breve os hóspedes dos hotéis Marriott poderão ver sua estada ter um efeito na proteção da natureza no Brasil. A rede assinou em abril, com o governo do Amazonas, um acordo para um programa de preservação da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Juma.
A previsão é de que sejam destinados, em quatro anos, US$ 2 milhões a atividades que evitem o desmatamento e ajudem a população local nas áreas de emprego, educação e serviços de saúde. É uma forma de compensar as emissões de gás carbônico pelas quais os hotéis do grupo - cerca de três mil em 68 países - são responsáveis.
A RDS Juma é uma das 34 unidades estaduais de conservação do Amazonas. Espalha-se por 589 mil hectares, em Novo Aripuanã, a 225 quilômetros de Manaus. Na área moram 90 famílias, ou aproximadamente 500 pessoas, em 11 comunidades, que vivem de fazer farinha, da coleta de castanhas, da pesca e da agricultura, entre outras atividades.
Os recursos do acordo serão geridos pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS), à qual caberá também o desenvolvimento dos projetos na reserva.
- O acordo se encaixa com a preocupação da Marriott com o que está acontecendo no planeta - diz Jorge Berrio, presidente do conselho de negócios da Marriott Brasil. - A fundação organizará as atividades na reserva, que incluem criar oportunidades de trabalho, num sistema sustentável, para os moradores. O nosso apoio é uma forma de compensar as emissões de carbono das nossas operações. Afinal, a floresta amazônica é o pulmão do mundo.
Segundo Berrio, a estimativa é de que sejam emitidos, por ano, 29,5 quilos de carbono por apartamento ocupado na rede Marriott. Para calcular o volume das emissões, foi avaliado o consumo de eletricidade e gás em cerca de mil hotéis do grupo, em diferentes países. O resultado foi 2,9 milhões de toneladas anuais de gás carbônico.
A Fundação Amazonas Sustentável foi lançada pelo estado em novembro, mas ainda está dando os primeiros passos. Conta com um fundo de R$ 40 milhões, formado, meio a meio, pelo governo e pelo Bradesco. A primeira parcela de US$ 500 mil da Marriott sairá apenas quando o programa a ser executado na Juma receber uma certificação com base nos padrões CCB (Climate, Community & Biodiversity, ou Clima, Comunidade e Biodiversidade), que garantem que os projetos analisados ajudam a reduzir o problema das mudanças climáticas, conservam a biodiversidade e melhoram as condições socioeconômicas das populações locais.
Segundo o diretor administrativo-financeiro da fundação, Luiz Ninares, a intenção é que o programa já comece a ser executado no segundo semestre.
Um dos objetivos é a implantação do Bolsa-Floresta, iniciativa que já existe em outras unidades de conservação.
Com ele, as famílias que vivem na RDS Juma e ajudem a conservar o meio ambiente receberão R$ 60 por mês.
- A gente entende que quem mora nessas áreas e não derruba a floresta presta um serviço ambiental - diz Luiz.
Os moradores de Juma vão participar de oficinas da FAS sobre o conceito da prestação de serviços ambientais. Também haverá no local mutirões de cidadania, para garantir que todos tenham documentos. Outro projeto previsto é a implantação de ecoturismo, aproveitando mão-de-obra local, que será capacitada. Haverá ainda ações nas áreas de educação e saúde, mas ainda estão sendo estudadas.
Marriott
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Outras medidas para preservar o meio ambiente

O acordo é parte de uma iniciativa maior da Marriott, segundo Jorge Berrio, voltada para a conservação do meio ambiente. Uma das medidas que estão sendo adotadas é a diminuição do consumo de energia, água e combustível, esforço que prevê a participação também dos hóspedes. A meta é alcançar uma redução de 25% por apartamento em dez anos. Só no quesito economia de energia, a rede de hotéis informa que, nos últimos dez anos, trocou 450 mil lâmpadas incandescentes por fluorescentes.
Uma outra iniciativa, diz Jorge Berrio, é fazer com que os 40 maiores fornecedores da empresa no mundo vendam produtos ecologicamente corretos. Entre os itens já escolhidos, estão uma caneta feita com plástico reciclado (são 47 milhões de unidades adquiridas por ano) e lençóis pré-lavados, para ajudar na economia de água. Outra providência é optar pelos chamados "prédios ecológicos", com captação de energia solar e água da chuva, por exemplo, além do uso de materiais reciclados em sua construção.

O Globo, 05/05/2008, Razão Social, p. 10

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