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Um 'Batman' no Pantanal

GM, Fim de Semana, p.2
26 de Mar de 2004

Um "Batman" no Pantanal
O pesquisador George Camargo nem liga mais quando o chamam de "Batman". Ligado à Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e ao Earthwatch Institute, desde dezembro de 2002, ele divide com outros três investigadores uma pesquisa para determinar a ocorrência e a abundância das espécies de morcegos na região do Rio Negro, no Pantanal. Até agora, foram registradas 25 espécies na localidade. Em todo o bioma estão catalogadas 61. No Brasil, 138. Boa parte da pesquisa, orçada em R$ 30 mil anuais, só é possível devido à participação de voluntários no projeto. "Os visitantes cobrem entre 70% e 80% dos gastos", informa Camargo. Esta fonte alternativa de recursos é muito importante se levado em conta que o projeto vai durar mais oito anos, e será itinerante pelas várias regiões do bioma. Camargo explica que, embora geralmente considerados animais perigosos e repugnantes, os morcegos podem ser classificados como os mamíferos de maior riqueza nos ambientes tropicais. Eles possuem funções importantes, pois são polinizadores e dispersores de sementes e néctar, assim como predadores de invertebrados. "Entender as relações entre morcegos e plantas é crucial para a formulação de planos de manejo para unidades de conservação e corredores de biodiversidade, pois os processos de dispersão de sementes e de polinização são fundamentais na dinâmica de florestas, especialmente no que se refere à regeneração de áreas desmatadas", explica. O trabalho de identificação de espécies exige paciência e disposição. De 30 em 30 dias, o pesquisador distribui dez redes, em habitats diferentes, para identificar as espécies que habitam as várias vegetações e seus movimentos durante as estações do ano. Isso vai possibilitar, por exemplo, avaliar também a abundância de flores e frutos visitados pelos morcegos. O trabalho nesta área, conhecida como Nhecolândia, termina este ano. Em seguida, serão analisadas as outras regiões do Pantanal. Estudos anteriores indicam que o Pantanal apresenta muito menos espécies endêmicas que outros biomas do entorno, como Amazônia, Cerrado e Chaco. O clima sazonal, com marcado regime de cheias, favorece a ocorrência de espécies pioneiras, que geralmente são oportunistas ou então generalistas, comuns em outras localidades. Mas como a natureza e a Ciência são dinâmicas, sempre podem ocorrer surpresas. Recentemente foi encontrada no Pantanal uma espécie de morcego, o Mimon crenulatum, que já havia sido descrita no Brasil, mas não no Pantanal. GM, 26-28/03/2004, p. 2

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