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Um ano após conflito, indígenas seguem em abrigo provisório em Erebango

G1 https://g1.globo.com
25 de Jul de 2019

Índios kaingangs que deixaram uma reserva da comunidade de Ventarra, em Erebango, no Norte do Rio Grande do Sul, em abril do ano passado, ainda estão acampados em um galpão improvisado. Eles foram embora após um conflito entre dois grupos da mesma aldeia.

Ainda não há previsão para que eles retornem ao local original ou para que sejam realocados em outras aldeias.

Na época, um jovem de 23 anos foi morto e cinco casas foram queimadas durante uma briga entre dois grupos dentro da reserva, que fica nas margens da RS-153, na zona rural do município.

A dona de casa Vergilia Faria é a mãe da vítima, e também está no abrigo provisório. "Perdi meu filho, perdi tudo que ele fez dentro de casa para mim. Eu quero minha casa, perdi tudo, fogão, televisão, tudo o que eu tinha, a casa inteira", lamenta a senhora

O agricultor Edivaldo Laurindo lamenta a situação. "A gente foi cobrar nossa igualdade para o povo, só que daí o cacique já não aceitava, não queria. Começaram a 'tirotiar', atropelar nós de lá", diz.

No galpão, os espaços foram separados com lonas. No ano passado, eram 15 famílias, conforme os próprios indígenas. Atualmente, o número aumentou para 26.

Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai) parte do grupo poderia voltar para a reserva, onde ainda vivem 338 kaigangs. Porém, há um impasse.

"O cacique aceita o grupo de volta, com exceção de uma família, que foi a família que deu causa a esse conflito, a divisão do grupo, e por outro lado, o grupo fala que só retorna se todos voltarem juntos", afirma o coordenador regional da entidade, Aércio Galiza Magalhães.

Desde o conflito, somente uma família retornou à reserva. O lugar em que o grupo ficou acampado foi cedido pela prefeitura.

"O município cedeu essa área, permitiu que eles lá permanecessem em uma situação provisória, então não é uma área ideal, mas é o que eles encontraram e nós conseguimos com o município", diz o coordenador.

A Funai faz visitas ao galpão, a cada 15 dias, buscando avaliar a situação e levar roupas e alimentação para os moradores.

O Ministério Público Federal da Erechim diz que há um inquérito civil instaurado sobre o caso, e que já solicitou a volta dos indígenas para a reserva, ou realocação para outras.

Também de acordo com o órgão, as famílias que estão fora da aldeia querem ser ressarcidas pelos danos causados pelo conflito, como as casas que foram queimadas, pedido que está na Justiça. É prevista uma audiência de conciliação para o caso, ainda sem data marcada.

https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2019/07/25/um-ano-apo…

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