O Globo, O Pais, p.8
28 de Mar de 2005
Último acusado por morte de Dorothy é preso
Ismael Machado
O fazendeiro Vitalmiro Moura, o Bida, acusado de ser o mandante do assassinato da missionária americana Dorothy Stang, morta em 12 de fevereiro em Anapu (PA), entregou-se às 12h30m de ontem à Polícia Federal. A prisão ocorreu após duas semanas de uma negociação envolvendo o advogado Augusto Septímio, a senadora Ana Júlia Carepa (PT-PA) e a PF.
Em entrevista ao Fantástico, Bida negou ter mandado matar Dorothy. Ele afirmou que os pistoleiros Rayfran Neves Salles e Clodoaldo Batista ficaram escondidos em sua fazenda por um dia e meio porque ele esperava a polícia chegar para prendê-los. O fazendeiro disse ainda que, ao ver o revólver usado no crime, mandou Rayfran sumir com a arma que, segundo Bida, ainda estava com quatro balas.
Ainda ao Fantástico, Bida afirmou ter ficado assustado ao saber que era procurado pela polícia como mandante do crime e desafiou Rayfran a provar que ele lhe ofereceu dinheiro para matar Dorothy:
Caça o dinheiro que prometi a ele. Tudo que falei tem prova. Quero ver provarem do lado de lá disse Bida.
Fazendeiro exigiu ficar preso na Polícia Federal
Ao ser preso, Bida não ofereceu resistência, mas fez exigências, entre elas a de ser mantido preso na Superintendência da PF em Belém. Ele se entregou em uma estrada vicinal da Transamazônica, a 20 minutos de helicóptero de Altamira. Valdir Moura, irmão do fazendeiro, foi quem intermediou as negociações, indicando o lugar em que Bida deveria se entregar.
A operação para prender Bida teve início às 4h30m, em Belém. Em Altamira, a Polícia Federal recebeu o helicóptero do Exército para ir ao ponto de encontro.
Ana Júlia, que acompanhou a operação, contou que foi encontrado com Bida um bilhete com o nome de duas pessoas que podem estar envolvidas em um suposto consórcio para eliminar pessoas ligadas a disputas agrárias no sul do Pará.
Temos quase certeza de que há um consórcio para eliminar líderes rurais, até pelo histórico dos conflitos na região disse a senadora.
Bida chegou às 14h30m ao aeroporto de Belém sob forte esquema de segurança. Ao ser levado para a Superintendência da PF em Belém, ele estava algemado. O fazendeiro prestou depoimento ao delegado Wallame Machado. O depoimento à Justiça deve ocorrer amanhã.
Bida era o último dos quatro acusados pela morte de Dorothy que continuava solto. Os outros três presos são Amair Feijoli, o Tato, denunciado como intermediário no planejamento do crime, e os pistoleiros Rayfran e Clodoaldo. Nos 20 anos em que morou no Brasil, Dorothy realizou projetos de desenvolvimento sustentável na região em que foi morta.
O Globo, 28/03/2005, p. 8
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