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UFMT pleiteia museu de história natural

Gazeta Digital - www.gazetadigital.com.br
Autor: Josana Salles
17 de Ago de 2010

A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) mantém um dos maiores e mais importantes acervos de cobras, aranhas e escorpiões do Brasil. O incêndio que atingiu o Instituto Butantan, na Zona Oeste de São Paulo, em maio deste ano, destruiu o principal acervo de répteis utilizados para pesquisas do mundo e o maior do Brasil. Mais de 70 mil espécies conservadas foram queimadas no local. A tragédia ocorreu justamente no Ano Internacional da Biodiversidade e alertou a comunidade científica brasileira para a necessidade de criação de museus de história natural com condições para abrigar exemplares da fauna brasileira essenciais para a continuidade de estudos e pesquisas. A UFMT já tem um projeto de construção e implantação de um museu de história natural que está sendo discutido pela reitoria em conjunto com a Agência Estadual de Execução dos Projetos da Copa do Mundo do Pantanal (Agecopa), já que o museu terá espaço para visitação num projeto arquitetônico indígena, concebido pelo arquiteto José Afonso Portocarrero.

A UFMT mantém coleções científicas com exemplares raros da fauna mato-grossense, coletados por cientistas nos últimos 20 anos e que fazem parte das coleções de mamíferos, répteis, insetos, anfíbios e peixes do Departamento de Biologia e Zoologia do Instituto de Biociências. Todo esse material está sendo catalogado, mas necessita de melhores condições de conservação e espaço físico adequado. Fiel depositária de organismos vivos (fauna e flora) coletados no Estado, a UFMT está em busca de recursos para a construção e implantação de um Museu de História Natural nos moldes do Museu Paraense Emílio Goeldi, com quase 30 mil amostras, Museu Nacional (RJ) e Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP).

A UFMT é a única instituição científica no Estado autorizada para ser fiel depositária de material levantado em pesquisas científicas e levantamentos visando licenciamento ambiental. São nestes lotes de material genético que podem ser encontradas espécies da fauna e flora que jamais foram descritas pela ciência.

As coleções científicas podem determinar a diversidade biológica de um bioma. É o que explica o ictiólogo e taxinomista em peixes, Alexandre Cunha Ribeiro. Os trabalhos desenvolvidos são constituídos em grande parte por estudos genéticos, taxinômicos e evolutivos das espécies. As informações produzidas são fundamentais para formulação de políticas públicas, como, por exemplo, criação de Unidades de Conservação e Reservas Florestais.

O professor Alexandre explica que atualmente o espaço existente na UFMT para abrigar as coleções, tornou-se precário para catalogar e manter todo o material que chega do campo. "Ocorre que em cada lote podemos encontrar espécies que em pouco tempo poderão desaparecer e só serão encontradas nas coleções. É o que aconteceu com o lobo da Tasmânia, da Austrália e com a ararinha azul da Bahia, que só podem ser encontrados em coleções".

"Foi por meio de um lote de exemplares coletados para inventário faunístico, em um empreendimento no Norte do Estado, que descobrimos um marsupial raro (Glironia venusta) só encontrado em coleções de mamíferos no Museu de Zoologia da USP e no Museu Emílio Goeldi. Mas para garantirmos a permanência desse exemplar para toda a existência, é preciso ter espaço físico adequado para depósito e catalogação do material já que as coleções tendem sempre a crescer".

A proposta de um museu de história natural em Mato Grosso envolve também as coleções de paleontologia, mineralogia, anatomia, biodiversidade, arqueologia e antropologia. A coleção herpetológica (anfíbios e répteis) possui catalogados 11.500 espécimes de anfíbios e cerca de 8.700 de repteis. A mesma quantidade ainda está em fase de catalogação.

No caso de arqueologia, segundo a arqueóloga Suzana Hirooka, existem muitas coleções, a maioria provinda de trabalhos em empreendimentos. "Hoje, o material de maior destaque são do Abrigo Santa Elina, o mais importante sítio arqueológico de Mato Grosso, de relevância internacional. Porém, esse material está na USP e na França", conta. Em relação a paleontologia, a pesquisadora Silane Silva diz que Mato Grosso tem excelente potencial para com vertebrados, invertebrados, fragmentos de folhas e troncos. "No entanto, ainda possuímos poucos exemplares na UFMT. O que existe está no museu de geologia onde estão expostos alguns fósseis", explica.

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