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UE reduzirá emissões em 20% até 2020

FSP, Ciência, p. A12
11 de Jan de 2007

UE reduzirá emissões em 20% até 2020
Estratégia anunciada pela Comissão Européia visa minimizar impacto de mudança climática e aumentar competitividade
Plano foi apelidado de "revolução pós-industrial" e deve reduzir dependência de óleo; para ambientalista, medida ainda é tímida

Marco Aurélio Canônico
De Londres

A União Européia anunciou ontem que pretende cortar 20% de suas emissões de gases-estufa até 2020 por meio da redução do consumo e do uso de fontes alternativas de energia.
A medida, anunciada pelo presidente da Comissão Européia, o português José Manuel Barroso, tem como objetivo minimizar os impactos que as mudanças climáticas causadas pelas emissões de gases como o CO2 causarão na Europa -como inundações, aquecimento na região sul e degelo.
A decisão, que foi chamada de "revolução pós-industrial", também tem um caráter estratégico, buscando reduzir a dependência de petróleo e gás, já que a UE tem sofrido interrupções no abastecimento devido às instabilidades políticas do Leste Europeu.
"Precisamos de novas políticas para uma nova realidade, para manter a competitividade da Europa, proteger nosso ambiente e tornar nosso suprimento de energia mais seguro", disse Barroso.

Medida tímida
Ambientalistas criticaram a UE por restringir o corte a 20% das emissões, afirmando que uma redução inferior a 30% não cumprirá o objetivo de manter o aumento da temperatura restrito a no máximo 2C em relação à era pré-industrial.
Os europeus só pretendem adotar tal meta se ela for endossada e seguida pelo resto do mundo industrializado. Ontem a UE pediu novamente que os demais países -principalmente os EUA, o maior poluidor do planeta- assumam a meta de redução de 30%.
O chefe de energia da UE, Andris Piebalgs, afirmou que, até 2020, pelo menos 20% de toda a energia utilizada nos países do bloco deve vir de fontes renováveis e 10% dos veículos devem usar biocombustível.
Segundo Piebalgs, a UE vai estimular o uso de sistemas de baixo consumo de carbono, utilizando energia eólica e solar.
O relatório é neutro quanto à utilização de energia nuclear, mas alerta que uma diminuição significativa no número de usinas, como planejam alguns dos Estados-membros, tornaria mais difícil atingir a meta de redução de emissões traçada.
O pacote precisa da aprovação dos governos europeus antes de ser implementado.
Ele pode também dar um fogo novo às mornas negociações sobre um acordo substituto ao Protocolo de Kyoto -pelo qual os países industrializados devem cortar 5,2% de suas emissões de gases-estufa até 2012 em relação aos níveis de 1990. Kyoto expira em 2012, e as negociações internacionais sobre as metas de redução a serem adotadas depois disso estão travadas por países como Estados Unidos e China, que resistem a metas obrigatórias.

Evidência científica
O anúncio da UE vem poucas semanas antes da divulgação, por um painel de cientistas ligado à ONU, de um relatório com dados alarmantes sobre as causas e os efeitos da mudança climática global.
Marcada para o próximo dia 2, a publicação do relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática) deve acabar com o restante de dúvida que havia nos governos sobre a necessidade de ação imediata sobre o tema.
Com agências internacionais

Para os EUA, 2006 foi o ano mais quente
DA REDAÇÃO
A média anual das temperaturas registradas nos Estados Unidos em 2006 foi a mais alta desde 1895, quando as medições regulares começaram.
Segundo informe divulgado anteontem pela Noaa (Administração Atmosférica e Oceânica Nacional), órgão sob responsabilidade da Casa Branca, a média do ano passado foi de 12,77o C. Isso representa 1,2o C acima da média do século 20 e 0,04oC a mais em relação ao ano de 1998, que havia sido o mais quente até agora.
A análise isolada de alguns meses, mostra que o calor realmente esteve presente no país. No geral, o mês de dezembro, inverno no Hemisfério Norte, foi o quarto mais quente de todos os tempos.
Apesar de a Noaa atestar que 2006 foi um ano quente, não existe consenso no órgão, conforme atesta o informe, de que essas alterações do clima estão sendo causadas pelo aumento dos gases-estufa, processo que seria decorrente das atividades humanas.
A novidade, pelo menos, é que isso é mencionado pelo documento. Mas o texto ainda coloca a maior parte da culpa no fenômeno El Niño.

FSP, 11/07/2007, Ciência, p. A12

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