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Turismo deve ser organizado

A Crítica (AM) - http://www.acritica.com.br
Autor: Elaíze Farias
24 de Jan de 2010

Erros de tradução do guia, pouco tempo para praticar os rituais, registros fotográficos sem autorização, despejo de lixo nos rios, visitas sem agenda prévia, entrada nas malocas sem pedido de licença, venda de artesanato abaixo do esperado, mochileiros inconvenientes. É desta forma improvisada que as famílias indígenas que vivem na zona rural de Manaus recebem visitas de turistas em suas comunidades.

O receio de perder "os fregueses", contudo, obriga os indígenas a aceitar situações como receber cinco grupos de turistas em um só dia e realizar um ritual às pressas. E, nem sempre, todo esse esforço é garantia de uma boa venda de seus artesanatos.

Problemas como estes foram relatados durante um trabalho que pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) realizaram durante três anos em dez comunidades indígenas localizadas à margem dos rios Negro, Cuieiras, Tarumã e Tupé, sob coordenação de Jefferson Cruz, com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

Durante a pesquisa, na qual também foram realizadas oficinas de capacitação, os indígenas apresentaram propostas para uma espécie de "manual" de comportamento do guia e do turista. O manual ainda não foi publicado. Também foram elaborados livretos com informações sobre as peças artesanais, atividades culturais e culinária típica para aumentar o potencial de venda dos objetos junto aos turistas.

De acordo com Cruz, as comunidades indígenas querem continuar recebendo turista, mas seus moradores se ressentem da falta de organização das empresas que trabalham com turismo. "Muitas vezes as visitas não são avisadas com antecedência e isso quebra a rotina da comunidade. O que acontece com certa frequência também é de o grupo chegar e tirar foto sem o mínimo de controle", afirma Cruz.

Outra situação relatada é quanto ao pouco tempo em que os turistas têm para comprar os artesanatos. Para o pesquisador, as empresas poderiam ampliar sua parceria com as comunidades e apresentar sugestões de como melhorar o relacionamento dos turistas com os indígenas. As empresas também poderiam elaborar folderes com informações sobre as comunidades e as etnias, iniciativa que ajudaria a evitar que rituais tivessem que ser descaracterizados apenas para atender a um apelo turístico.

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