VOLTAR

Trinta 30 mil pés de maconha em terra indígena

O Liberal-Belém-PA
11 de Abr de 2006

A "Operação Piriá", realizada durante 14 dias na parte invadida da Reserva Alto Rio Guamá mostrou uma imensa plantação de maconha. Há indícios de outras plantações.

Durante uma operação de reconhecimento e levantamento na Reserva Indígena Alto Rio Guamá, na calha do rio Coaraci-Paraná, no município de Nova Esperança do Piriá, a 280 quilômetros de Belém, foram encontrados 30 mil pés de maconha, em oito hectares de terra. As plantações foram arrancadas e queimadas. Nenhum traficante foi preso, mas três homens foram detidos por crime ambiental e nove armas de caça apreendidas. Os barracos usados como ponto de apoio pelos plantadores também foram destruídos.

Com a chegada dos quatro técnicos da Funai, dos três agentes federais, sob o comando do delegado Jorge Vinicius Gobira Nunes, de dois oficiais e 45 praças do Exército, além de um sargento do Batalhão de Polícia Ambiental Militar do Pará, os plantadores escaparam pelo meio da mata. Os militares que participaram da operação e os técnicos da Funai suspeitam que há grandes plantações de maconha na reserva, com dimensões ainda desconhecidas. A ação sigilosa, chamada de 'Operação Piriá', aconteceu na parte invadida da reserva, entre os dias 26 de março e 8 deste mês. A reserva tem 278 mil hectares, e abrange parte dos municípios de Santa Luzia do Pará, Nova Esperança do Piriá e Paragominas.

'Foi a operação de melhores resultados que já tivemos até agora, porque também contou com a participação do Exército, cujos soldados são treinados para atuar na selva. A ação só não teve um alcance maior porque a área (calha do rio Coaraci-Paraná) é de difícil acesso e a equipe não dispunha de helicóptero', revela o administrador da Funai em Belém, Moacir Melo.

Além das plantanções de maconha, foram encontradas várias áreas de floresta destruída por madeireiros que invadiram a reserva. Segundo o tenente do exército, Jonatas Monteiro, na parte ao norte do rio Coaraci-Paraná, que divide a área, está a maioria dos desmatamentos ilegais. Ele afirmou também que dentro da reserva foram localizadas até fazendas de criação de gado, pequenas criações e várias plantações de roça.

Para localizar os 30 mil pés de maconha a equipe que participou da missão teve muito trabalho. Foi necessário contruir uma 'balsa' de embaúba, com 3,5m de comprimento por 1,5m de largura, para que parte da equipe pudesse descer o rio Coaraci-Paraná e fazer contato com a base pelo rádio-transmissor. 'Era a única alternativa que tínhamos. Quase a balsa vai para o fundo, mas terminou dando tudo certo', disse Dílson Cavalcante, técnico da Funai.

A equipe que participou da 'Operação Piriá' também constatou que a maioria dos moradores da Vila de Marajupema, localizada no município de Cachoeira do Piriá, na região do Gurupi, na fronteira com o Maranhão, que faz limite com a Reserva Alto Rio Guamá, sobrevive do plantio de maconha na terra habitada pelos índios tembé.

'Eles plantaram maconha na reserva (Alto Rio Guamá) para driblar a fiscalização, mas foram pegos de surpresa nesta missão para encontrar ilícitos ambientais na reserva. Temos informações seguras de que o alcance do plantio de maconha é muito maior do que imaginávamos', confirma Antônio Abrahão, que integra o Serviço de Patrimônio e Meio Ambiente da Funai e participou da operação.

A Funai entende que, para acabar com o plantio de maconha, invasão, tráfico de animais silvestres e retirada de madeira da Reserva Alto Rio Guamá, vai precisar da ajuda dos órgãos que participaram da 'Operação Piriá' (Polícia Federal, Exército e Batalhão Ambiental da PM), além do Ibama e de outros órgãos ligados à questão ambiental que estejam dispostos a colaborar. 'Para pôr fim nesses ilícitos ambientais, a ação conjunta com esses órgãos será vital para a Funai. Eles foram muito eficientes nesta missão', constata o administrador da Funai. Moacir Melo diz que a Funai 'não vai sossegar enquanto não acabar com esses problemas, para que os índios tembé tenham paz na terra que habitam'.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.