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Tributo à resistência e à luta em defesa das tradições do povo Panará

Site do ISA-Socioambiental.org-São Paulo-SP
Autor: Oswaldo Braga de Souza.
10 de Nov de 2004

Os índios Panará receberam a Ordem do Mérito Cultural das mãos do presidente Lula e do ministro da Cultura, Gilberto Gil. A audiência aconteceu ontem, dia 9 de novembro, no Palácio do Planalto.

Presidente Lula, Akã Panará, Paturi Panará e Gilberto Gil durante a homenagem

"Sofremos e lutamos muito por nossas terras, fiquei muito contente com o convite do presidente", afirmou Akã Panará, líder escolhido pelos Panará para receber a homenagem. Akã mora na aldeia Nãsêpotiti, na Terra Indígena Panará, perto do município de Guarantã do Norte (770 km ao norte de Cuiabá, em Mato Grosso), na fronteira com o Pará. Na cerimônia, mais 39 representantes - personalidades, entidades e comunidades consideradas símbolos da cultura brasileira - foram agraciados com a comenda, entre eles Pelé, Caetano Veloso, os atores Paulo José e Odete Lara, o diretor de teatro José Celso Martinez Corrêa, o músico João Donato e a cantora Lia de Itamaracá. O escritor Fernando Sabino, o sertanista Orlando Villas-Bôas e o cantor Renato Russo também receberam homenagens póstumas.

"Há na cultura brasileira um sentido de superação e de celebração da vida, ela manifesta, ao mesmo tempo, a festa e a luta", afirmou o ministro da Cultura, durante a cerimônia. Gilberto Gil explicou que, em 2004, a intenção do governo foi de reconhecer especialmente as manifestações coletivas e de caráter popular. A Ordem do Mérito Cultural foi criada pelo Ministério da Cultura em 1995 e até agora entregue a mais de 240 instituições e pessoas. Neste ano, o mote da homenagem foi "Brasil, por uma Cultura da Paz'".

História de luta

Os índios Panará, hoje, são cerca de 250. Mas já foram mais de 300. Seu contato com os brancos, em 1973, foi desastroso. Deu-se quando começou a construção da rodovia Cuiabá-Santarém (BR-163), que cortou seu território tradicional na região do Rio Peixoto-Azevedo, na divisa dos Estados do Mato Grosso e Pará. Os conflitos e as doenças dos brancos como gripe e diarréia, reduziram sua população a 70 pessoas.

Em 1975, a Funai transferiu os índios sobreviventes para o Parque Indígena do Xingu, onde viveram exilados por mais de 20 anos. Em 1991, eles participaram de uma expedição ao seu antigo território e verificaram que havia uma parte intocada. Começou aí o retorno à terra natal, que envolveu inicialmente a construção de uma aldeia, a Nãsepôtiti. Em 1996, o primeiro grupo voltou ao sítio original. No mesmo ano, a Terra Indígena Panará, com 488 mil hectares, foi declarada oficialmente pelo Ministério da Justiça. Em 2000, os Panará ganharam nos tribunais uma ação inédita contra a União e a Funai por danos morais e materiais. Para saber mais clique aqui.

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