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Tribos podem ser extintas no Estado

Correio do Estado-Campo Grande-MS
19 de Abr de 2002

O alto índice de mortalidade da criança indígena pode representar, no futuro, a causa da extinção de algumas tribos brasileiras. A afirmação é do presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, Lincoln Marcelo Freire, que está em Campo Grande para a realização do 3o Fórum Nacional de Defesa da Criança Indígena.

Em Mato Grosso do Sul, explicou o médico, a saúde da criança indígena também vai mal e os últimos números do Ministério da Saúde comprovam isso. Cerca de 50% dos mortos anualmente são crianças até cinco anos. O caso é grave, porém ainda não tanto quanto o registrado entre os ianomâmis, onde há 100 óbitos a cada mil crianças nascidas vivas.

O médico lembra que, como em outras partes do Brasil, o maior problema identificado nas comunidades indígenas é a proximidade com a vida urbana. A idéia de aldeia urbana, difundida pelo Governo do Estado e prefeitura, que criaram duas aldeias na Capital, a Água Branca e Marçal de Souza, é veemente rejeitada pelo médico. "Isso faz mal a elas, provoca a ruptura cultural e com isso a pobreza, infelicidade e suicídio", disse, lembrando também das mortes comuns em aldeias de Dourados.

O pediatra faz um alerta à comunidade ressaltando que a mortalidade infantil entre indígenas chega a ser quatro vezes maior que o número registrado na comunidade branca. As crianças indígenas, ainda, morrem de doenças evitáveis como diarréia, malária, tuberculose e desnutrição. Calamidades, lembra, encontradas com a proximidade dos brancos. "Eles são retirados de seu ambiente natural e adquirem hábitos dos brancos", lamenta.

Os fóruns, explicou, servem para que médicos pediatras possam levantar propostas de melhorias para o quadro. Ao final de cada encontro, o grupo envia um documento ao Ministério da Saúde sobre as últimas sugestões. No 2o Fórum, lembrou, foi destacada, por exemplo, a necessidade de humanização médica no atendimento indígena.

O 3o Fórum Nacional de Defesa da Criança Indígena acontece até hoje no campus da Uniderp (Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal). Hoje, a primeira conferência será às 8h, com o médico Halin Girade (Unicef/Brasília), que fala sobre Crescimento e Desenvolvimento da Criança Indígena. Ainda hoje, serão discutidos os seguintes temas: imunização da criança indígena, escolaridade, ações, a situação dos índios desaldeados, os avanços de direitos para população indígena, entre outros temas.

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