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Tribos indígenas divergem sobre homologação da reserva Raposa Serra do Sol em Roraima

Radiobrás-Brasília-DF
27 de Abr de 2004

O impasse sobre a forma de homologação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, divide não apenas o governo e o Congresso Nacional, mas tribos que vivem na região. Nesta terça-feira (27), membros da tribo Macuxi, do município de Uiramutã, situado dentro da reserva, foram ao Palácio do Planalto, em Brasília (DF), cobrar do ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, a homologação não contínua da reserva. Na semana passada, índios de outras tribos da reserva ficaram acampados em frente do Ministério da Justiça para pedir justamente o contrário: a demarcação contínua das terras da reserva.

Para os índios da tribo Macuxi, a homologação contínua vai impedir o desenvolvimento da região e acabar com conquistas já alcançadas pelos índios, como o acesso a estradas e aos principais municípios de Roraima. "Temos diversidade da produção. Queremos estrada melhor, para usufruir as coisas boas, tudo aquilo que os brasileiros sonham em ter. Uma vida boa, e nós somos índios, não somos diferentes", argumenta Tuxaua Messias Amazonas, líder político da tribo Macuxi.

Já as outras tribos alegam que a homologação contínua vai reconhecer o direito histórico dos índios de possuírem terras no país. "É a forma mais evidente do governo brasileiro demonstrar que reconhece seu compromisso com os povos indígenas", afirma documento entregue ao Ministério da Justiça na semana passada pelas Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), que reúnem tribos favoráveis à demarcação contínua.

Nesta terça-feira (27), a Câmara dos Deputados aprovou parecer recomendando redução de 30% a área inicialmente prevista para homologação. O parecer estabelece ainda que ficarão de fora da reserva 15 quilômetros ao longo da fronteira, o município de Uiramutã e as plantações de arroz.

As tribos contrárias à homologação comemoraram a aprovação, uma vez que vivem da exploração de recursos como minério, arroz, feijão e ouro. Com a demarcação contínua pelo governo, a exploração das terras na reserva ficará proibida.

A reserva Raposa Serra do Sol tem 1,7 milhão de hectares e reúne a população urbana total de não índios de 665 pessoas, distribuídas nas cinco vilas localizadas na área (Surumu, Água Fria, Uiramutã, Socó e Mutum). A população indígena soma 14.719 pessoas que vivem em 148 aldeias das etnias Macuxi, Wapichana, Ingarikó, Taurepang e Patamona.

A região está demarcada e declarada como terra indígena desde 1998. Parte dos índios defende a demarcação contínua das terras, mas o estado e algumas tribos temem perder a força de sua economia com a delimitação total das terras - uma vez que a área da reserva é quase do tamanho do Estado de Roraima.

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