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Tribos indígenas buscam a sobrevivência no arroz

Gazeta de Cuiabá-Cuiabá-MT
Autor: Graciele Leite
26 de Abr de 2004

Xavantes e Bororos na reserva de Sangradouro começaram a primeira colheita do cereal

Índios da aldeia xavante Volta Grande, em Primavera do Leste, apostam na produção de arroz para sobreviver

Próximo a Primavera do Leste, 230 quilômetros de Cuiabá, índios da reserva de Sangradouro tentam sobreviver plantando arroz. A iniciativa de introduzir a nova cultura é motivada pelo alto índice de mortalidade infantil registrado na aldeia: foram mais de vinte crianças mortas em período de apenas dois anos.

Uma contradição, considerando que, segundo dados levantados pela prefeitura de Primavera do Leste, no município são registrados os melhores índices de qualidade de vida em todo o Estado de Mato Grosso.

O plantio integra o "Programa Economia Sustentável na Sangradouro", onde foram plantados 210 hectares de arroz. Na semana passada, começou a colheita na aldeia Volta Grande, onde foram plantados cerca de 40 hectares. Lá, vivem 68 índios Xavantes, conforme informações fornecidas do vice-cacique, Valter Vwarai"ro.

Ao todo, espera-se produzir cerca de 20 sacas por hectare, em um total de 252 toneladas em toda área plantada. Porém, o coordenador do projeto, Joelson Brito, aponta que as intempéries climáticas podem comprometer um pouco a produção do cereal e de outros produtos. Além do arroz, os índios também plantaram mandioca e árvores frutíferas.

A reserva de Sangradouro possui em torno de 100 mil hectares, onde vivem duas comunidades indígenas compostas por mais de 870 índios Xavantes e Bororos.

O projeto foi desenvolvido pelo governo do Estado, prefeitura de Primavera do Leste e Associação de Produtores da Grande Primavera do Leste (Apric). Segundo Brito, a iniciativa não visa produções em grandes escalas. Ele assegura que a plantação será primeiramente para subsistência. Depois, pretende-se iniciar a comercialização, mas apenas para gerar renda de auto-sustentação à comunidade. "Os índios não vão virar produtores rurais", assegura.

Para o índio Xavante e vereador de General Carneiro, Bartolomeu Pativa, a cultura indígena não será prejudicada pelo projeto. Ele defende a iniciativa pela sobrevivência da comunidade e acrescenta que ocorrerá incorporação de novos hábitos, ou seja, os índios dessa etnia já plantam mandioca e milho e agora aprendem a lidar também com o arroz.

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