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Tribos culpam Funasa por mortes decorrentes de falta de assistência médica nas aldeias

Alagoas em Tempo Real
Autor: Cícero Sanata
08 de Mai de 2008

Mais de doze etnias, vindas de vários municípios do estado, totalizando mais de 300 índios, denunciaram a Fundação Nacional de Saúde, em Alagoas, como responsável pela morte de vários índios principalmente crianças e idosos por falta de assistência a saúde.Eles denunciaram também uma fossa estourada na Funasa que vem causando focos de mosquitos na sede da Fundação. Os representantes das tribos começaram a chegar na noite de terça-feira em pequenos grupos e na tarde de quarta-feira (7) já se contava cerca de 300, que estão recebendo apoio alimentício do Sindicato dos Servidores Públicos.

"Nosso povo está morrendo por falta de assistência e isso é uma vergonha que estão fazendo com a gente que somos os primeiros habitantes de Alagoas. Para se ter uma idéia os doentes de nossas aldeias estão sendo transportados em carro de mão até o posto de saúde, por falta de veículos que estão recolhidos na garagem em virtude dos motoristas estarem com seus salários atrasados há mais de cinco meses", disse o cacique Zezinho, da etnia Koiupamká, localizada no município de Inhapi e que conta com 166 famílias.

Os representantes das doze etnias chamaram a equipe do Alagoas em Tempo, para fazer uma das denuncias mais graves que são os dejetos fecais que correm a céu aberto, em função da fossa da Fundação Nacional da Saúde, Funasa, está aberta há vários meses e que nenhuma providência foi tomada. "Isso aqui é uma vergonha, como é que se fala no combate a dengue, quando na própria fundação, estamos vendo dejetos fecais escorrendo pela rua. Podemos até chamar de Fundação Nacional da Doença, pelo menos aqui no estado", afirmou o cacique.

Índios praticam autanásia

"A falta de transporte para o atendimento a população indígena, vem causando a morte de vários índios. Temos centenas de índios nas etnias que são pacientes de hemodiálise por incrível que pareça, principalmente os Koiupamká, que estão sendo transportados em carro de mão da aldeia até o centro de Inhapi, para serem atendidos. Muitos desses pacientes não suportando a jornada das sessões de hemodiálise, estão retirando os tubos que são colocados para a filtragem do sangue. Eles não agüentam o sofrimento e preferem morrer em suas comunidades ao invés de falecerem nos hospitais. A situação da falta de assistência de saúde aos índios está muito série e nós só sairemos daqui como uma solução, principalmente com relação aos motoristas", desabafou Zezinho Koiupamká.

Hospitais de Paulo Afonso

Segundo informou o cacique Zezinho, único das etnias presentes no momento, os pacientes que precisam filtrar o sangue, estão se deslocando aproximadamente por 200 quilômetros, até os hospitais de Paulo Afonso. "Com a falta de assistência por parte da Fundação Nacional de Saúde, nossos irmãos estão sendo obrigados a fazer todo esse percursos para receberem o tratamento específico em outro estado, o que eu também considero uma vergonha. Se essa situação não for resolvida em caráter de urgência, vamos responsabilizar a nível nacional o descaso da Funasa, que vem provocando as mortes em índios, crianças e adultos, vitimas de várias doenças", desabafou o cacique.

Salários atrasados

Junto com os índios estavam dezenas de motoristas que estão com os vencimentos atrasados. "A situação está séria nas comunidades indígenas, nós queremos ajudar no transporte dos pacientes, mas, a fundação não está preocupada com a vida dessas pessoas. Têm companheiros que estão com cinco meses sem receber seus salários e com diárias atrasadas desde o mês de outubro do ano passado. Então, trabalhar nessa situação é impossível. Todos os 35 veículos que atendiam às comunidades indígenas estão paralisados em função desse descaso da Funasa. Esse movimento pacífico é muito importante, porque vai pressionar os representantes da fundação a resolver essa situação que eu acho vergonhosa", disse um dos 35 motoristas com vencimentos atrasados e que não se identificou para não receber represálias.

Fossa a céu aberto

Os representantes das doze etnias que foram à Funasa chamaram a equipe do Alagoas em Tempo, para fazer uma outra situação muito grave, desta vez na sede da fundação em Maceió. Contrariando a função de cuidar da saúde, o prédio está com uma fossa estourada, cujos dejetos correm a céu aberto, sem nenhuma providência há vários meses.
"Isso aqui é uma vergonha, como é que se fala no combate a doenças, quando na própria fundação estamos vendo dejetos fecais escorrendo pela rua. Podemos até chamar de Fundação Nacional da Doença, pelo menos aqui no estado", acusou o cacique.

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