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Três índios saem feridos em confronto em barreira montada na área indígena

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
19 de Ago de 2004

Três índios da etnia Macuxi saíram feridos ao tentarem passar pela barreira instalada na entrada do Mutum, na área indígena Raposa/Serra do Sol. Segundo informações de moradores do local, ninguém foi ferido gravemente, apenas alguns arranhões e outras agressões leves.
A briga ocorreu na tarde de ontem, por volta das 15h, quando um caminhão da Secretaria Estadual do Índio tentou passar no local com cerca de dez pessoas em direção à Vila do Mutum.
Segundo o presidente da Sociedade de Defesa dos Índios Unidos de Roraima (Sodiur), Silvestre Leocádio, informações dão conta de que a briga começou no momento em que possivelmente os ocupantes do caminhão tenham resistido à revista que é feita rotineiramente nas bolsas de quem passa no local.
A Folha apurou que dos índios envolvidos na briga, um está com o rosto bastante inchado, outro com vários arranhões pelo corpo, provavelmente de unhas, e o terceiro não se podia afirmar muita coisa, pois estava completamente sujo de lama.
Outras informações são de que um professor da localidade havia sido amarrado na barreira. Outro professor, Reginaldo Jorge de Souza, conversou com reportagem da Folha por telefone e afirmou que a situação não é das mais amigáveis entre os índios que estão na barreira e as pessoas que querem passar sem serem revistadas.
Segundo ele, o pneu de sua moto furou próximo ao local e os indígenas não permitiram que parasse. "Não tive problemas em atravessar a barreira, minha bolsa foi revistada normalmente. Mas tive que andar mais de 50 quilômetros com o pneu furado porque, se parasse lá, não sei o que poderia acontecer", disse.
PF - Por volta das 18h, o diretor regional da Polícia Federal, Osmar Tavares, esteve reunido com o representante da Funai (Fundação Nacional do Índio) e também com o tuxaua Silvestre Leocádio para discutir, além de outros assuntos, as medidas a serem tomadas para averiguação dos motivos da briga entre os índios na região e a possível intervenção da PF na localidade.
FUNAI - O administrador da Funai, Benedito Rangel, disse que estava tomando ciência das informações e que iria apurar a veracidade dos fatos para que as providências fossem tomadas, mas isso somente se houve a confusão.
SECRETARIA - A Folha tentou contato com o secretário do Índio, Wilson Jordão, mas seu telefone estava desligado. As informações extra-oficiais são de que ele estaria providenciando uma forma de trazer os três indígenas para a Capital, no sentido de realizar o exame de corpo de delito em cada um deles.
CIR - O Conselho Indígena de Roraima (CIR) informou que não tem conhecimento dos fatos, que inclusive fez contato com a região e que nada foi confirmado pelas pessoas que se encontram no local.
SODIUR - A entidade não tem muitas informações, mas Silvestre Leocádio afirma que provavelmente os não índios estejam estimulando os índios a partirem para a agressão contra os parentes. "Não existia violência antes, alguém está por trás disso para fazer os parentes brigarem", disse.
PF - Até o fechamento desta matéria não foi possível um contato com delegado Osmar Tavares, pois ele encontrava-se em reunião a portas fechadas e não havia prazo para terminar

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