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Trem-bala pode custar R$ 50 bilhões

FSP, Mercado, p. B3
16 de Jul de 2010

Trem-bala pode custar R$ 50 bilhões
Entraves legais e ambientais e dúvidas sobre o retorno do investimento complicam obra prioritária para governo
TCU diz que demanda foi manipulada e que falta estudo geológico; grupos nacionais não têm tecnologia na área

De Brasília

Na avaliação de um executivo de uma grande construtora interessada no trem-bala, as empresas que participam do consórcio de Belo Monte não têm capital suficiente para bancar participação relevante no projeto. Nem condições de entrar no projeto do trem-bala sem se associar a um dos grupos estrangeiros que detêm a tecnologia e a experiência para esse empreendimento. Estudos preliminares feitos por essa construtora sugerem que o custo do projeto fique perto de R$ 50 bilhões.

PRESSA
O presidente Lula tem pressa, mas sua equipe teme não conseguir realizar o leilão ainda neste ano por dois motivos: entraves legais e ambientais, além do receio dos investidores de entrar num negócio de longo prazo, sem retorno muito certo.
No setor privado, ainda há muita dúvida sobre o projeto em relação a custos e retorno, o que pode até dificultar a formação de consórcios para o leilão marcado para o final de novembro. É quase um consenso que o trem custará mais que os R$ 33,4 bilhões estimados.
O Tribunal de Contas da União apontou que o estudo de demanda foi manipulado e que não é possível prever o valor da obra, devido ao fato de apenas 4,4% dos estudos mínimos de geologia terem sido feitos.
Por causa disso, foi determinado que o governo não poderá financiar mais que 60,3% da obra ou R$ 19,9 bilhões (o que for menor) e não poderá haver repasse à tarifa em caso de frustração de demanda.
Com essas amarras, e o preço da tarifa econômica SP-RJ limitado a R$ 199,73, analistas temem que a conta possa não fechar, mesmo com o grande volume de dinheiro público disponível para o negócio.
A tendência é que, para viabilizar a obra, Lula determine forte participação estatal, como aconteceu com Belo Monte, com os fundos de pensão, já que não há grandes estatais de transportes. O problema ambiental pode ser outro entrave. Pelo edital, o vencedor da licitação do trem-bala só poderá começar a obra após a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) entregar a licença prévia.
Apesar de o governo já ter iniciado o processo de licenciamento ambiental, ainda não se sabe o traçado e, por conta disso e de eventuais desvios por conta de empecilhos ambientais, o custo da obra pode aumentar.
Em Belo Monte, o governo chegou a marcar o leilão para o dia 21 de dezembro de 2009, mas teve de ser adiado para 20 de abril de 2010 por um atraso na liberação das licenças ambientais.

Colaborou Ricardo Balthazar, de São Paulo

FSP, 16/07/2010, Mercado, p. B3

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me1607201003.htm

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