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Trecho Sul do Rodoanel fica pronto em novembro, diz SP

FSP, Dinheiro, p. B5
14 de Jan de 2009

Trecho Sul do Rodoanel fica pronto em novembro, diz SP
Diretoria de engenharia da Dersa afirma que obra será antecipada em 19 meses
Concessão de licenciamento ambiental, conclusão de desapropriações e novo regime de pagamento permitem aceleração

Agnaldo Brito
Da reportagem local

O trecho Sul do Rodoanel, a mais importante obra viária de São Paulo e um dos grandes projetos de infraestrutura do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), será inaugurado em 27 de novembro deste ano. A informação é da diretoria de engenharia da Dersa, segunda o qual até a hora do descerramento da placa está definida: 11h45.
A nova data antecipa em 19 meses o prazo original para a conclusão dos 61,4 quilômetros do trecho Sul do Rodoanel, uma boa notícia para milhares de motoristas que cortam São Paulo, mas sobretudo uma importante informação para quem está de olho no calendário eleitoral.
A estrada, que terá custo final de R$ 5 bilhões, deverá ser uma das primeiras grandes obras de infraestrutura que servirão de rampa para a decolagem de candidaturas, como a do governador de São Paulo, José Serra, e da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que certamente deve comparecer ao evento de inauguração da rodovia ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ambos os lados tentarão beliscar os louros desse projeto. O governo de São Paulo é responsável por 2/ 3 do investimento no Rodoanel, enquanto a União responde por 1/3 e tem a "mãe do PAC", a ministra Dilma.

Antecipado
No plano original, a conclusão da obra ocorreria em 48 meses da data de início da construção, julho de 2007. Em novembro, terão corridos 29 meses. Uma das maiores obras do PAC em curso neste momento, a rodovia interligará o trecho Oeste, já em operação, da rodovia Régis Bittencourt até a rodovia Anchieta, passando antes pela Imigrantes. Com isso, 7 das 10 rodovias que chegam a São Paulo estarão interligadas pelo anel viário: Bandeirantes, Anhanguera, Castello Branco, Raposo Tavares, Régis Bittencourt, Imigrantes e Anchieta. Fica faltando conectar a Ayrton Senna, a Dutra e a Fernão Dias.
O projeto traz uma importante contribuição para a logística de exportação do país -com a melhoria do acesso dos caminhões que chegam do Centro-Oeste rumo ao porto de Santos- e sobretudo deve reduzir significativamente o fluxo de veículos sobre importantes avenidas da capital, amenizando os congestionamentos e a concentração de poluentes no céu da cidade de São Paulo.
A previsão da Dersa é que o Rodoanel Sul irá tirar 301 mil veículos da marginal Pinheiros (uma das principais vias expressas da capital) e outros 85 mil veículos da avenida dos Bandeirantes -hoje, o principal acesso para os caminhoneiros que querem alcançar a Imigrantes ou a Anchieta.
Paulo Vieira de Souza, diretor de engenharia da Dersa e responsável técnico pelas cinco frentes de obras do trecho Sul, afirma que o licenciamento ambiental, a conclusão de 100% das desapropriações dos 11 milhões de metros quadrados e a mudança do tipo de contrato, agora em regime de preço global, são as razões para a conclusão do projeto 19 meses antes do previsto.
"As construtoras precisavam de área livre para as obras, e isso foi garantido. A última desapropriação, por via judicial, saiu em dezembro. Agora, 100% da faixa de domínio está livre para obras", disse Souza. O último trecho desapropriado foi uma área de 7.500 metros quadrados, exatamente na ligação entre o trecho Oeste e o Sul, próximo à Régis. Segundo a Dersa, 94% das desapropriações foram feitas apenas com processos administrativos.
A avaliação da direção da Dersa é que a mudança dos contratos para preço global ajudou a acelerar a obra. Os pagamentos mensais são feitos conforme o cumprimento de uma lista de obras, sem as quais não há desembolso. Pelas medições da empresa, o trecho Sul do Rodoanel tem hoje 65% das obras concluídas.

Viaduto
Um terço dos 61 quilômetros é formado pelas "obras de arte", pontes e viadutos. A maior delas está sob a represa Billings, um dos principais mananciais para abastecimento de água da cidade de São Paulo e um dos motivos para a demora de mais de cinco anos do licenciamento. A ponte que cortará a represa tem mais de 1,7 quilômetro de extensão e é o projeto mais caro do Rodoanel.
Souza disse que o empreendimento deverá custar R$ 5 bilhões -já com os reajustes previstos nos contratos com as construtoras responsáveis pelos cinco lotes. O governo federal banca 1/3 e está em dia com os desembolsos.
A Diretoria de Engenharia da Dersa discute agora com o governo federal a antecipação dos recursos devido ao fato de o projeto ter sido adiantado em relação ao cronograma inicial. "Não acho que teremos problemas", afirmou Souza.

Obra também deve ter concessão

Da reportagem local

A Dersa deverá administrar o trecho Sul do Rodoanel por um período entre seis meses e um ano. O plano já em gestação no governo é lançar a licitação pública para concessão à iniciativa privada em 2010, a exemplo do que já ocorreu com o trecho Oeste, já concedido.
A discussão interna entre a Secretaria Estadual dos Transportes e a Dersa é sobre como essa concessão pode ser feita. O plano da empresa de infraestrutura rodoviária de São Paulo é propor o leilão do trecho Sul (depois de pronto), mas incluir no lote a construção dos trechos Leste ou Norte -ou ainda dos dois.
"Pode ser uma concessão associada em que o governo oferece a parte Sul, mas em conjunto o projeto para o trecho Leste e Norte ou só Leste. Ainda não temos uma definição sobre isso. A tendência é essa", afirma Paulo Vieira de Souza, diretor de engenharia da Dersa. A construção dos trechos que fecharão o anel rodoviário de São Paulo ficaria sob a responsabilidade da concessionária que vencer o leilão.
Nos dois trechos, técnicos da Dersa trabalham ainda nos estudos de viabilidade ambiental, que ainda devem, como o trecho Sul, ser licenciados pela Cetesb. No caso do Rodoanel Sul, o licenciamento demorou cinco anos.
José Goldemberg, professor da USP e que foi secretário do Meio Ambiente de São Paulo no período em que o Rodoanel foi licenciado, afirmou que a complexidade da obra exigiu mais de dez audiências públicas e a disposição de o empreendedor de pagar um custo 20% superior ao valor inicial de engenharia em compensações ambientais e sociais. (AB)

FSP, 14/01/2009, Dinheiro, p. B5

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