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Transposição sai do papel com ou sem polêmica

CB, Brasil, p. 15
Autor: LIMA, Geddel Quadros Vieira
17 de Abr de 2007

Transposição sai do papel com ou sem polêmica

Entrevista: Geddel Vieira Lima

Alessandra Mello
Do Estado de Minas

O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, do PMDB da Bahia - um dos estados contrários ao projeto transposição do Rio São Francisco - está em peregrinação pelo Brasil, na tentativa de diminuir as resistências à obra, orçada em R$ 5,8 bilhões. Segundo ele, na maioria das vezes, as pessoas que se manifestam contra a transposição desconhecem o projeto ou são agentes políticos que querem "compensação". Apesar da polêmica suscitada pelo projeto, criticado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o ministro garante que a transposição sairá do papel. A previsão é a de que as obras comecem até o fim do ano.

Apesar da polêmica e dos posicionamentos contrários, o senhor acredita que a obra será feita? O que o governo para diminuir as
resistências?

É forçoso reconhecer que projetos dessa grandeza sempre envolvem um grau de polêmica. Foi assim quando JK (presidente Juscelino Kubitschek) pensou Brasília. Mas é importante dizer que as resistências ao projeto são muito mais fruto de desinformação do que posições técnicas convincentes. Sou um homem do parlamento, que acredita na busca de entendimento, mas é bom deixar claro que isso não me fará abrir mão daquilo que é indelegável: governar obedecendo as orientações do presidente da República, que tem, até por ser nordestino, uma absoluta sensibilidade e uma noção exata do que significa a transposição. Por isso, ela será feita.A transposição é uma obra cara e que, segundo seus críticos, não resolverá o problema da falta de água no Nordeste, além de causar problemas ambientais.

Qual é a importância dessa obra para o país?

Ela regularizará os açudes e os reservatórios de água da Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco, permitindo um melhor manejo dessa água e garantindo o abastecimento a cerca de 12 milhões de nordestinos, que habitam nos grandes centros urbanos, sendo que alguns deles que já estão à beira de um colapso do abastecimento de água. O curso do leito do rio não será desviado como muitos pensam e a obra não causará nenhum prejuízo ao São Francisco. Ao contrário, ela alavanca investimentos, como tem acontecido com a revitalização.

A transposição será feita antes da revitalização completa do rio? Qual a posição do governo federal em relação às cobranças pela recuperação do São Francisco, muito degradado em quase toda sua extensão?

Defendo que o rio precisa ser revitalizado antes, durante e depois do projeto de interligação de bacias. E muito já tem sido feito nesse sentido, inclusive em Minas Gerais, onde estamos fazendo intervenções diretas em parceria com o governo do estado.

Qual a previsão de investimentos? Quanto de recurso já está assegurado e qual o prazo para o início das obras?

Na revitalização, já foram investidos, de 2004 a 2006, R$ 194 milhões. Minas Gerais ficou com 28% desse valor, algo em torno de R$ 54 milhões. Está previsto no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), R$ 1,3 bilhão para investimentos nos projetos de revitalização, até 2010. Também lançamos o programa Água para todos, para resolver um dos principais questionamentos feitos ao projeto de transposição. Uma das críticas reais à transposição é que o projeto leva água para os grandes centros que ficam a 300km do rio, sem resolver os problemas das cidades que ficam a dois, 3km de sua margem. Por isso, vamos fazer uma varredura em toda a margem do São Francisco, para garantir o abastecimento aos aglomerados ribeirinhos. Vamos levar água os distritos e cidadezinhas localizados ao longo do rio.

As obras começam quando?

As licitações já estão na rua, tanto as destinadas ao projeto executivo quanto às obras físicas. Se tudo correr nas condições que pretendemos, até o fim do ano poderemos dar início às obras de engenharia de interligação das bacias. Acho que a prioridade total e absoluta deve ser a construção do eixo Leste, que leva água sobretudo para Paraíba e Pernambuco e que tem como foco central o abastecimento humano.

CB, 17/04/2007, Brasil, p. 15

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